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154 ANOS PATRIMÔNIO
Educação patrimonial "ignora" periferia
Prefeitura leva estudantes para o centro histórico e não estende ações aos bairros mais distantes de Ribeirão
Maioria dos projetos está concentrada na região mais central de Ribeirão Preto; Cultura alega falta de estrutura
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO
As ações de preservação e
tombamento ou os poucos
projetos de reconhecimento
do patrimônio histórico desenvolvidos pela prefeitura
não contemplam a periferia
de Ribeirão Preto.
A história, nesses casos,
afunila o interesse para um
raio não maior que três quilômetros a partir do centro.
A secretária da Cultura,
Adriana Silva, reconhece que
as iniciativas de educação
patrimonial não vão muito
longe, culpa do braço da administração que não é tão
comprido como deveria.
Isso faz com que a população dos bairros mais distantes, principalmente estudantes, venha ao encontro das
ações culturais, em vez de os
projetos percorrerem o caminho inverso para a periferia.
"Infelizmente, as ações não
são suficientes. Reconheço
essa falha", disse Silva.
Para a presidente do Conppac, Cláudia Morroni, levar
crianças e estudantes para
visitar o Theatro Pedro 2º é
importante, mas não deve
ser visto como a única atividade a ser realizada.
Para ela, mais interessante
seria inserir o jovem em sua
região, levando-o a descobrir
o lugar em que vive e a considerar suas origens.
"É bonito falar do Pedro 2º,
mas o teatro faz parte de um
universo muito pequeno de
moradores. Você pode levar
crianças para visitá-lo, mas
quando é que ele voltará a estar presente na vida delas?",
perguntou Morroni.
Segundo ela, a criança tem
que aprender a conhecer primeiro o local onde vive, saber, por exemplo, quem foi
que deu nome a sua rua.
Mas, como todas as iniciativas culturais e de preservação patrimonial estão localizadas no perímetro central, é
para essa região que as ações
estão voltadas.
Com os recentes tombamentos da avenida Jerônimo
Gonçalves, do Mercado Municipal e de prédios na rua José Bonifácio, a prefeitura
quer chegar ao reconhecimento de Ribeirão como paisagem natural do ciclo do café. Um projeto dessa natureza será enviado ao Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O órgão, porém, tem como
política valorizar conjuntos
de ações que deem destinação e ocupação para os bens
considerados históricos e de
interesse público.
"Até então o problema era
apenas falta de dinheiro para
a recuperação de um imóvel.
Hoje é preciso um projeto de
ocupação", disse Silva.
Ela não quis pontuar projetos que administrações municipais passadas teriam perdido por falta de qualificação, mas afirmou que Ribeirão não conseguia ser aprovada nos trâmites das seleções públicas para obtenção
de verbas, principalmente,
por falta de um inventário
cultural.
(PAULO GODOY)
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