Ribeirão Preto, Sábado, 19 de Junho de 2010

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154 ANOS PATRIMÔNIO

Educação patrimonial "ignora" periferia

Prefeitura leva estudantes para o centro histórico e não estende ações aos bairros mais distantes de Ribeirão

Maioria dos projetos está concentrada na região mais central de Ribeirão Preto; Cultura alega falta de estrutura

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO

As ações de preservação e tombamento ou os poucos projetos de reconhecimento do patrimônio histórico desenvolvidos pela prefeitura não contemplam a periferia de Ribeirão Preto.
A história, nesses casos, afunila o interesse para um raio não maior que três quilômetros a partir do centro.
A secretária da Cultura, Adriana Silva, reconhece que as iniciativas de educação patrimonial não vão muito longe, culpa do braço da administração que não é tão comprido como deveria.
Isso faz com que a população dos bairros mais distantes, principalmente estudantes, venha ao encontro das ações culturais, em vez de os projetos percorrerem o caminho inverso para a periferia. "Infelizmente, as ações não são suficientes. Reconheço essa falha", disse Silva.
Para a presidente do Conppac, Cláudia Morroni, levar crianças e estudantes para visitar o Theatro Pedro 2º é importante, mas não deve ser visto como a única atividade a ser realizada.
Para ela, mais interessante seria inserir o jovem em sua região, levando-o a descobrir o lugar em que vive e a considerar suas origens.
"É bonito falar do Pedro 2º, mas o teatro faz parte de um universo muito pequeno de moradores. Você pode levar crianças para visitá-lo, mas quando é que ele voltará a estar presente na vida delas?", perguntou Morroni.
Segundo ela, a criança tem que aprender a conhecer primeiro o local onde vive, saber, por exemplo, quem foi que deu nome a sua rua.
Mas, como todas as iniciativas culturais e de preservação patrimonial estão localizadas no perímetro central, é para essa região que as ações estão voltadas.
Com os recentes tombamentos da avenida Jerônimo Gonçalves, do Mercado Municipal e de prédios na rua José Bonifácio, a prefeitura quer chegar ao reconhecimento de Ribeirão como paisagem natural do ciclo do café. Um projeto dessa natureza será enviado ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O órgão, porém, tem como política valorizar conjuntos de ações que deem destinação e ocupação para os bens considerados históricos e de interesse público.
"Até então o problema era apenas falta de dinheiro para a recuperação de um imóvel. Hoje é preciso um projeto de ocupação", disse Silva.
Ela não quis pontuar projetos que administrações municipais passadas teriam perdido por falta de qualificação, mas afirmou que Ribeirão não conseguia ser aprovada nos trâmites das seleções públicas para obtenção de verbas, principalmente, por falta de um inventário cultural.
(PAULO GODOY)


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