Ribeirão Preto, Sexta-feira, 19 de Novembro de 2010

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Cidade tem 60 "nativos" morando em suas ruas

Em Ribeirão, Promotoria mapeou quem nasceu ou vive lá há muitos anos

Núcleo pretende melhorar atendimento à população de rua e, em casos de omissão, até acionar a Justiça

Silva Junior/Folhapress
O promotor Luis Paccagnella observa os moradores de rua na fila do almoço na Cetrem

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

João Paulo Basso Benedetti, 22, vive de praça em praça em Ribeirão Preto. Filho de usuários de drogas e também viciado, se desentendeu com a família, chegou até a buscar tratamento, mas voltou para as ruas. Ele não veio de longe: nasceu em Ribeirão mesmo, cidade onde também vive sua família.
Um diagnóstico do Ministério Público Estadual aponta que, como Benedetti, existem de 50 a 60 "nativos" morando nas ruas da cidade.
Esse número considera os que nasceram em Ribeirão ou que moram com as famílias há muitos anos no município, mas, por desavenças e vício em drogas ou álcool, vivem atualmente nas ruas.
A população flutuante de moradores de rua -que vem de outras cidades e fica por um breve período no município- chega a 200 pessoas, no máximo.
O diagnóstico é uma das etapas do mapeamento do Núcleo da Rede Protetiva dos Direitos Sociais, que reúne promotores da região.
A estimativa é próxima à da prefeitura, mas contrasta com outros levantamentos já feitos na cidade. Em 2008, o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome apontou 441 moradores de rua em Ribeirão.
Segundo os promotores Luis Henrique Paccagnella e Cláudia Habib, o objetivo do mapeamento é checar como funcionam os serviços públicos para essas pessoas.
Se for constatada omissão, a Promotoria acionará judicialmente o poder público.
De acordo com Paccagnella, muitas cidades da região resistem em atender esse tipo de morador.
"Algumas são avessas a discutir o assunto. Simplesmente dizem: "Nós não temos moradores de rua aqui.'"
Na maioria dos casos, a falta de vínculos com a família, associada ao consumo de álcool e drogas, é a principal razão para o indivíduo estar nas ruas, de acordo com a secretária da Assistência Social, Maria Sodré.
É praticamente impossível, nas palavras do promotor, traçar um perfil de quem vive na rua. Há dependentes químicos ou alcoólatras, mas há também pessoas sóbrias que escolhem viver dessa forma itinerante.
Também existem aqueles que têm distúrbios psiquiátricos. Parte é atendida pela prefeitura, mas apenas os que desejam se tratar, segundo o coordenador de Saúde Mental da secretaria, Alexandre Firmo Souza Cruz.
Um dos planos do núcleo é criar um posto de assistência social dentro da rodoviária de Ribeirão, por onde chega boa parte dos moradores de rua vindos da região.


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