Ribeirão Preto, Domingo, 19 de Dezembro de 2010

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Combate à dengue passa pela urbanização

Conclusão é de pesquisadores do Departamento de Química da USP

O armazenamento irregular de água e os problemas na coleta de resíduos favorecem a proliferação, diz estudo

VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

O combate à dengue em Ribeirão Preto também demanda ações de controle voltadas à melhoria da infraestrutura urbana, atreladas ao estímulo para motivação e envolvimento da população em reduzir a infestação pelo mosquito Aedes aegypti.
A conclusão é de um grupo de pesquisadores do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP (Universidade de São Paulo), que analisou as ações públicas de combate ao mosquito na última epidemia da cidade, entre 2009 e 2010.
No período, a cidade registrou o maior número de casos da doença de sua história: 30 mil. Por causa disso, ao menos 11 pessoas morreram na cidade neste ano vítimas do mosquito. E a Secretaria de Saúde já trabalha com a possibilidade de uma nova epidemia em 2011.
Para a pesquisadora e professora da USP Gláucia Maria da Silva os principais problemas estão ligados à coleta e tratamento de resíduos sólidos. "A prefeitura não consegue controlar o acúmulo de recipientes, que acabam como criadouros do mosquito da dengue", disse.
Outro ponto, segundo Gláucia, são os problemas de desabastecimento de água. Para não deixar faltar, os moradores acabam armazenando água de forma inadequada, favorecendo a proliferação do Aedes aegypti.
Para a pesquisadora, a prefeitura falha ao não assumir responsabilidade. "Ela [prefeitura] também é responsável e tem de cumprir seu papel", disse.
A diretora da Divisão de Vigilância em Saúde da prefeitura, Maria Luiza Santa Maria, criticou o estudo, mas afirmou que a cidade tem "oferta grandíssima de objetos" e que as condições climáticas (alta incidência de chuvas) "favorecem" a proliferação do mosquito.
Maria Luiza afirmou que as maiores concentrações do mosquito estão nas regiões mais altas, onde a água não chega. "Nossa arma são os arrastões para recolher lixo. Já retiramos 200 toneladas de criadouros neste ano e teremos mais ações."
O superintendente do Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto), Joaquim Ignácio da Costa Neto, afirmou que o lixo é um problema, mas negou o desabastecimento. "Isso [armazenamento irregular de água] não acontece."
Há cinco meses, a prefeita Dárcy Vera (DEM) criou uma coordenadoria para cuidar só da limpeza. O assunto do lixo está sendo discutido, mas nenhuma ação prática por parte do órgão voltada ao combate à dengue foi implantada até agora.


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