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Após obra física, favela terá intervenção "social"
Moradia Legal objetiva oferecer cursos e opções de lazer na Monte Alegre
Vinte entidades que já prestam serviço na área foram cadastradas
para formar uma rede
social de atendimento
DE RIBEIRÃO PRETO
Após asfalto, concreto e tijolos, a comunidade da favela Monte Alegre, em Ribeirão
Preto, começará a ser coberta
nos próximas dias por projetos sociais e culturais.
Com infraestrutura patrocinada pelo PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento), da União, a urbanização
da favela, que terminou no
início deste ano, já serve de
modelo para outras áreas de
Ribeirão, segundo o coordenador do projeto Moradia Legal, João Gandini.
A partir de cursos profissionalizantes, programas de
tratamento a dependentes
químicos e opções de lazer,
entre outras iniciativas, o objetivo é tornar a Monte Alegre
referência também para a
"intervenção humana".
"A intervenção física foi difícil, mas a parte mais difícil
vem agora, com a intervenção nas pessoas, que é a segunda etapa desse projeto",
afirma Gandini, que também
é juiz em Ribeirão.
Para a tarefa, o Moradia
Legal, que coordena as intervenções em favelas de Ribeirão, cadastrou as entidades
que já prestam algum tipo de
serviço aos moradores, como
igrejas e entidades sociais.
São cerca de 20 em atuação, que formarão uma rede
social de atendimento. "Precisamos que uma [entidade]
saiba o que a outra está fazendo, queremos ter conectividade e otimizar recursos",
afirmou o juiz.
Para se adaptarem à ideia
de agir em rede, elas irão
compartilhar espaços dentro
da favela. Um deles já está
em fase de acabamento, e outro, em construção.
O primeiro, a antiga casa
do Nilton, foi ampliado para
abrigar biblioteca, cozinha e
espaço para eventos e festas.
A antiga casa do Adson,
cuja reforma deve ser concluída em dois meses, terá
salas para cursos profissionalizantes, cozinha industrial, outra biblioteca e uma
sala com computadores.
Nos planos para a Monte
Alegre também estão a cobertura da quadra do local,
que ainda depende de captação de recursos -nenhuma
estrutura está sendo erguida
com dinheiro público, de
acordo com Gandini.
A ideia de intervenção social na favela de Ribeirão em
processo de urbanização segue o modelo aplicado a outras áreas que receberam investimentos do PAC.
Os mais conhecidos são o
Morro Dona Marta, no Rio de
Janeiro, e Heliópolis, na capital paulista.
Nesses locais, além da entrada de entidades aliadas do
poder público, o aparato de
segurança foi transplantado
para o interior das favelas,
com nova roupagem: a polícia comunitária.
Na Monte Alegre, o fator
segurança ainda não entrou
na pauta da ocupação social.
O tráfico de drogas praticado no local, segundo Gandini, tem sido combatido a partir da própria melhoria material das casas e vielas e na implantação dos projetos.
A criação de um conselho
de segurança formado por
moradores está em estudo,
mas ainda em fase embrionária, segundo Gandini.
Ele disse não acreditar que
a experiência na Monte Alegre possa fracassar ou se tornar um antiexemplo para as
outras favelas que devem
passar pelo mesmo processo.
"Não consigo imaginar
[que vai dar errado], a gente
fez um plano para esse local e
ele está sempre sendo superado", afirmou o juiz.
(JEAN DE SOUZA)
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