Ribeirão Preto, Domingo, 20 de Junho de 2010

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Após obra física, favela terá intervenção "social"

Moradia Legal objetiva oferecer cursos e opções de lazer na Monte Alegre

Vinte entidades que já prestam serviço na área foram cadastradas para formar uma rede social de atendimento

DE RIBEIRÃO PRETO

Após asfalto, concreto e tijolos, a comunidade da favela Monte Alegre, em Ribeirão Preto, começará a ser coberta nos próximas dias por projetos sociais e culturais.
Com infraestrutura patrocinada pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), da União, a urbanização da favela, que terminou no início deste ano, já serve de modelo para outras áreas de Ribeirão, segundo o coordenador do projeto Moradia Legal, João Gandini.
A partir de cursos profissionalizantes, programas de tratamento a dependentes químicos e opções de lazer, entre outras iniciativas, o objetivo é tornar a Monte Alegre referência também para a "intervenção humana".
"A intervenção física foi difícil, mas a parte mais difícil vem agora, com a intervenção nas pessoas, que é a segunda etapa desse projeto", afirma Gandini, que também é juiz em Ribeirão.
Para a tarefa, o Moradia Legal, que coordena as intervenções em favelas de Ribeirão, cadastrou as entidades que já prestam algum tipo de serviço aos moradores, como igrejas e entidades sociais.
São cerca de 20 em atuação, que formarão uma rede social de atendimento. "Precisamos que uma [entidade] saiba o que a outra está fazendo, queremos ter conectividade e otimizar recursos", afirmou o juiz.
Para se adaptarem à ideia de agir em rede, elas irão compartilhar espaços dentro da favela. Um deles já está em fase de acabamento, e outro, em construção.
O primeiro, a antiga casa do Nilton, foi ampliado para abrigar biblioteca, cozinha e espaço para eventos e festas.
A antiga casa do Adson, cuja reforma deve ser concluída em dois meses, terá salas para cursos profissionalizantes, cozinha industrial, outra biblioteca e uma sala com computadores.
Nos planos para a Monte Alegre também estão a cobertura da quadra do local, que ainda depende de captação de recursos -nenhuma estrutura está sendo erguida com dinheiro público, de acordo com Gandini.
A ideia de intervenção social na favela de Ribeirão em processo de urbanização segue o modelo aplicado a outras áreas que receberam investimentos do PAC.
Os mais conhecidos são o Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, e Heliópolis, na capital paulista.
Nesses locais, além da entrada de entidades aliadas do poder público, o aparato de segurança foi transplantado para o interior das favelas, com nova roupagem: a polícia comunitária.
Na Monte Alegre, o fator segurança ainda não entrou na pauta da ocupação social.
O tráfico de drogas praticado no local, segundo Gandini, tem sido combatido a partir da própria melhoria material das casas e vielas e na implantação dos projetos.
A criação de um conselho de segurança formado por moradores está em estudo, mas ainda em fase embrionária, segundo Gandini.
Ele disse não acreditar que a experiência na Monte Alegre possa fracassar ou se tornar um antiexemplo para as outras favelas que devem passar pelo mesmo processo.
"Não consigo imaginar [que vai dar errado], a gente fez um plano para esse local e ele está sempre sendo superado", afirmou o juiz.
(JEAN DE SOUZA)


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