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PERFIL EDMILSON
É para o resto da vida
Campeão na Copa do Mundo
de 2002 com a seleção brasileira,
Edmilson disse que jogadores só
percebem a grandeza e a
importância de jogar a
competição depois que não são
mais convocados e se aproximam
do fim da carreira, mas que os
momentos serão guardados
para sempre
JEAN DE SOUZA
DE RIBEIRÃO PRETO
São sete camisas emolduradas na parede, estampadas
por escudos de XV de Jaú,
São Paulo, Lyon, Barcelona,
Villareal, Palmeiras e, mais
alta do que as demais, a amarelinha da seleção. E, em volta delas, um quarteirão de salas de aula.
O nome escrito nas camisas e na fachada do prédio é o
mesmo: Edmilson. Ou, para
ser completo, José Edmilson
Gomes de Moraes, jogador de
futebol e fundador de uma
instituição que atende 500
crianças e adolescentes.
A sede da entidade é Taquaritinga, onde ele nasceu
há 33 anos e foi colhedor de
laranjas, dos 12 aos 13. "Tudo
aqui tem um significado."
E eles continuam a se entrelaçar: a Fundação Edmilson fica no terreno onde ele
começou a jogar bola, aos
seis anos de idade. Foi criada
em 2002, mesmo ano em que
o jogador conquistou, no Japão, o maior título da carreira, a Copa do Mundo.
A inauguração dos 1.785
mNS da fundação, porém, só
ocorreu em 2006, após quatro anos de busca, sem sucesso, por parcerias.
Foi o mesmo ano em que,
15 dias antes de jogar sua segunda Copa do Mundo, Edmilson machucou o tornozelo em um treino e foi cortado
da seleção que perderia da
França nas quartas de final.
No time que entra em campo hoje na África do Sul, contra a Costa do Marfim, ele
também tentou uma vaga,
mas foi novamente atrapalhado por lesões.
FRUSTRAÇÃO
Com Dunga à frente da seleção, Edmilson chegou a ser
convocado sete vezes. Antes
da disputa da Copa América,
em 2007, porém, submeteu-se a uma cirurgia no joelho. A
decisão de operar foi apoiada
por Dunga, que, segundo o
jogador, lhe daria nova oportunidade assim que se recuperasse.
"Pretendia participar das
eliminatórias, só que minha
lesão foi muito mais grave do
que eu imaginava. Em vez de
ficar três meses, eu fiquei nove meses parado. Voltei para
o Palmeiras, voltei bem, só
que quebrei o cotovelo. Aí
não consegui atuar no mesmo nível e era tarde."
Atualmente jogando pelo
Zaragoza, da Espanha, Edmilson diz ter voltado a atuar
em bom nível após a frustrante passagem pelo Palmeiras, em 2009, de onde
saiu contra a sua vontade.
Isso não significa que se
projete no time que está na
África do Sul, ou aproveite a
ausência para criticá-lo.
"Acho mais do que justo
esses caras estarem na Copa", afirma o, atualmente,
volante, que foi campeão
mundial como zagueiro e
despontou como lateral.
Aos colegas de pátria e
chuteira convocados, porém,
dá um toque: "quando você
está lá, você não vê a dimensão do que é uma Copa. Depois que você não é mais convocado e acaba chegando,
como eu, perto do final da
carreira, você vê que é muito
grande. Aquilo ali vai ficar
para o resto da vida".
ESPERANÇA
Para Edmilson, o jeito ranzinza de Dunga e seu time
sem estrelas é uma fórmula
que pode dar certo ou não,
mas merece respeito.
"É uma filosofia de trabalho dele. Amanhã, se ganhar,
ninguém vai falar nada. Se
perder, vão falar pra caramba. Então é melhor ter uma
maneira de trabalhar, que ele
avaliou, com o grupo, que
era a melhor forma de ganhar", diz o jogador.
Apesar de afirmar torcer
bastante pelo Brasil, "ao contrário de outros campeões
mundiais, que querem ser
únicos", Edmilson aponta a
Espanha como "grande favorita", apesar do tropeço na
rodada inicial do torneio.
Sua cabeça, porém, está
deste lado do Atlântico, em
Taquaritinga. Após "botar do
bolso" R$ 2 milhões para
construir a sede da fundação
que leva seu nome, Edmilson
ainda banca 80% de seu orçamento, que gira em torno
de R$ 1 milhão por ano.
O objetivo, no entanto, é
que ela consiga se manter
sem suas doações "o mais rápido possível". "Vou fazer 34
anos e uma estrutura como
essa aqui o sujeito tem que
jogar até 50, 100 anos, para
manter."
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