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Dárcy veta barragem e 400 casas serão desapropriadas
Projeto de barragem que reduziria o impacto da desapropriação foi descartado
Prefeita Dárcy Vera vai pedir recursos ao Estado para utilização durante o ressarcimento às famílias que serão atingidas
LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO
VERIDIANA RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A ARARAQUARA
A Prefeitura de Ribeirão decidiu excluir a construção de
barragens antienchentes e optou pela medida mais polêmica
para resolver os problemas
causados pelas cheias, que é desapropriar cerca de 400 imóveis na Vila Virgínia. A administração deve entregar amanhã à Secretaria de Estado da
Casa Civil o pedido de recursos
para custear a desapropriação.
A afirmação foi feita ontem,
em Araraquara, pela prefeita
Dárcy Vera (DEM) e confirmada pelo secretário do Planejamento e Gestão Pública, Ivo
Colichio. Na Vila Virgínia, as
cheias atingem mais a avenida
Álvaro de Lima e as ruas Miguel
Couto e Ângelo Mestriner.
A proposta de remoção das
famílias foi divulgada pela primeira vez em junho. Depois,
em agosto, a prefeita pediu que
fosse feita uma simulação de
alagamento levando em consideração a possibilidade de
construir uma barragem de
contenção no condomínio Royal Park, na tentativa de reduzir a área a ser desapropriada.
Mas, ontem, Colichio disse
que o projeto de remoção vai
continuar tendo apenas como
base as obras antienchentes
que envolvem o alargamento
dos canais do ribeirão Preto e
do córrego Retiro Saudoso.
Segundo ele, o pedido de recursos que será entregue ao Estado tem como parâmetro só o
valor venal dos imóveis, o que
daria cerca de R$ 30 milhões.
Mas esse não deve ser o valor
das indenizações que serão pagas, pois não há definição sobre
o número exato de imóveis a serem desapropriados, o que depende de trabalho de campo.
Segundo Colichio, o valor de
mercado dos imóveis será levado em consideração. "Isso demanda levantar cada imóvel,
fazer avaliação individual. Só
na próxima etapa", disse.
Sobre a possibilidade de
construir novas casas para os
moradores, Colichio disse que
também é algo indefinido. "Vai
amadurecer essa ideia na medida em que formos conversando
com o pessoal da Vila Virgínia e
decidir quem quer receber [em
dinheiro] e quem quer ficar no
bairro [em casa a ser construída em outra área]."
A desapropriação na Vila Virgínia enfrenta resistência de
moradores, que temem receber
um valor inferior ao que investiram ao longo dos anos. A pensionista Nair Machado, 65, mora há 35 anos no bairro e disse
que enfrentou muitas enchentes, mas que não quer ir para
uma região longe do centro.
Sobre o pagamento pela desapropriação, ela teme receber
apenas o valor venal de sua casa, que é de R$ 8.000. "Com isso, eu não compro nem meio
terreno", afirmou. A aposentada Aparecida Batista Ferreira,
75, também teme ter que mudar para um local distante.
"Não vou sair daqui e ir morar
em casa da Cohab." Apesar do
temor dos moradores, o promotor da Habitação Antônio
Alberto Machado disse que não
recebeu reclamações.
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