Ribeirão Preto, Terça-feira, 20 de Outubro de 2009

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Dárcy veta barragem e 400 casas serão desapropriadas

Projeto de barragem que reduziria o impacto da desapropriação foi descartado

Prefeita Dárcy Vera vai pedir recursos ao Estado para utilização durante o ressarcimento às famílias que serão atingidas


LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO
VERIDIANA RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A ARARAQUARA

A Prefeitura de Ribeirão decidiu excluir a construção de barragens antienchentes e optou pela medida mais polêmica para resolver os problemas causados pelas cheias, que é desapropriar cerca de 400 imóveis na Vila Virgínia. A administração deve entregar amanhã à Secretaria de Estado da Casa Civil o pedido de recursos para custear a desapropriação.
A afirmação foi feita ontem, em Araraquara, pela prefeita Dárcy Vera (DEM) e confirmada pelo secretário do Planejamento e Gestão Pública, Ivo Colichio. Na Vila Virgínia, as cheias atingem mais a avenida Álvaro de Lima e as ruas Miguel Couto e Ângelo Mestriner.
A proposta de remoção das famílias foi divulgada pela primeira vez em junho. Depois, em agosto, a prefeita pediu que fosse feita uma simulação de alagamento levando em consideração a possibilidade de construir uma barragem de contenção no condomínio Royal Park, na tentativa de reduzir a área a ser desapropriada.
Mas, ontem, Colichio disse que o projeto de remoção vai continuar tendo apenas como base as obras antienchentes que envolvem o alargamento dos canais do ribeirão Preto e do córrego Retiro Saudoso.
Segundo ele, o pedido de recursos que será entregue ao Estado tem como parâmetro só o valor venal dos imóveis, o que daria cerca de R$ 30 milhões. Mas esse não deve ser o valor das indenizações que serão pagas, pois não há definição sobre o número exato de imóveis a serem desapropriados, o que depende de trabalho de campo.
Segundo Colichio, o valor de mercado dos imóveis será levado em consideração. "Isso demanda levantar cada imóvel, fazer avaliação individual. Só na próxima etapa", disse.
Sobre a possibilidade de construir novas casas para os moradores, Colichio disse que também é algo indefinido. "Vai amadurecer essa ideia na medida em que formos conversando com o pessoal da Vila Virgínia e decidir quem quer receber [em dinheiro] e quem quer ficar no bairro [em casa a ser construída em outra área]."
A desapropriação na Vila Virgínia enfrenta resistência de moradores, que temem receber um valor inferior ao que investiram ao longo dos anos. A pensionista Nair Machado, 65, mora há 35 anos no bairro e disse que enfrentou muitas enchentes, mas que não quer ir para uma região longe do centro.
Sobre o pagamento pela desapropriação, ela teme receber apenas o valor venal de sua casa, que é de R$ 8.000. "Com isso, eu não compro nem meio terreno", afirmou. A aposentada Aparecida Batista Ferreira, 75, também teme ter que mudar para um local distante. "Não vou sair daqui e ir morar em casa da Cohab." Apesar do temor dos moradores, o promotor da Habitação Antônio Alberto Machado disse que não recebeu reclamações.


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