Ribeirão Preto, Domingo, 21 de março de 1999

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ALAGADOS 2
Plano de contenção às cheias em Ribeirão começou a ser preparado em 84 e só agora é apresentado ao Daee
Projeto leva 15 anos para deixar gaveta

da Folha Ribeirão

O projeto que prevê a construção de barragens no ribeirão Preto e nos córregos Serraria e Monte Alegre demorou 15 anos para "sair da gaveta" e só agora será apresentado ao Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo) para ser analisado.
O pedido de verbas para o início das obras de contenção de enchentes irá passar agora pelo governo do Estado, pelo Senado e pelos fundos internacionais para, só depois, a construção poder se iniciar.
O projeto foi iniciado em 1984 pelo Daee, com a contratação de empresas de São Paulo para realizar estudos.
Dois anos depois, ele foi entregue à prefeitura e, só no ano passado, foi finalizado, de acordo com o diretor de divisão do Daee em Ribeirão Preto, Mário Leopoldo do Nascimento Silva.
"Ele é apenas uma parte de um conjunto de obras que terão de ser feitas para acabar de vez com o problema das enchentes", disse Silva, que também é o coordenador da Comissão de Enchentes criada pela Prefeitura de Ribeirão há cerca de um mês.
De acordo com o projeto, as barragens serão construídas em áreas da zona rural e a prefeitura terá de arcar com as desapropriações.
O projeto, orçado em cerca de R$ 12 milhões, também prevê o alargamento das calhas e uma reforma no canal do ribeirão Preto, incluindo a construção de novas pontes.
Segundo o secretário do Planejamento e Gestão Ambiental, José Américo Rubiano, as obras deverão durar pelo menos seis meses.
"A maior parte das construções terá de ser feita fora da época das chuvas", disse Rubiano.
Outra prioridade para a prefeitura é a construção de "piscinões" (locais em que a água da chuva fica armazenada, evitando enchentes) em vários locais do córrego do Retiro Saudoso, que corta a avenida Francisco Junqueira.
"Ainda não temos um projeto pronto sobre a construção de piscinões, mas, logo no final do mês, estaremos com uma equipe empenhada em realizar estudos neste sentido para saber qual é o preço dessas obras e quantas serão necessárias", afirmou Rubiano.
Para o superintendente do Daee, José Bernardo Ortiz, uma das principais dificuldades para o fim das enchentes em Ribeirão Preto é a localização dos pontos de risco.
"Os loteamentos da Vila Virgínia não poderiam ter sido feitos naquele local, que fica abaixo da cota de enchentes. O mesmo ocorre com a Francisco Junqueira, cujas casas próximas deveriam ter uma área maior de recuo."
De acordo com o geólogo e consultor de engenharia ambiental Nariaqui Cavaguti, os novos loteamentos precisam ter a aprovação de todas as áreas da prefeitura para que não corram o risco de se tornar pontos de enchentes.
"Cada loteamento deveria ter pelo menos de 5% a 10% de área verde para facilitar a infiltração da água e com uma boa rede de drenagem pluvial", disse.
(ALESSANDRO BRAGHETO)


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