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Escola adia câmeras após bronca de Dárcy
Cemei tinha fechado contrato, bancado pela iniciativa privada, para instalar 8 equipamentos em salas de aula e corredores
Secretaria diz que projeto não é uma das prioridades da prefeitura; plano do diretor era transmitir as imagens pela internet
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
A escola municipal da periferia de Ribeirão que fechou contrato para instalar oito câmeras
em salas de aula e nos corredores para vigiar os alunos teve
que desistir da medida ontem.
Antonio Carlos Ribeiro, diretor do Cemei (Centro de Ensino Municipal Integrado) João
Gilberto Sampaio, afirmou que
o contrato será "suspenso temporariamente". Ele preferiu
não esclarecer os motivos.
A Folha apurou que o anúncio da implantação das câmeras desagradou a prefeita
Dárcy Vera (DEM) e a secretária da Educação, Débora Vendramini, que não tinham sido
consultadas pelo diretor.
Ontem, a reportagem tentou
contato com a secretária, inclusive por e-mail, mas não obteve
resposta. Por nota, a Coordenadoria de Comunicação Social da prefeitura informou que
"o projeto de instalação de câmeras nas escolas não é uma
das prioridades e não está sendo analisado pela prefeitura".
O contrato para a instalação
das câmeras, no valor de
R$ 6.000, tinha sido fechado
entre a escola e uma empresa
de Ribeirão, sem a intermediação da prefeitura -seria bancado pela iniciativa privada.
A escola, que tem 1.200 alunos e cerca de 900 em fila de
espera, também já implantou
por conta própria oficinas de
inglês, informática e cursos
profissionalizantes de panificação. O Cemei, dirigido por
Ribeiro há aproximadamente
20 anos, também mantém horta, 300 animais e uma piscina
sem custos para a prefeitura.
Escolas privadas de Ribeirão
e pelo menos três estaduais já
têm câmeras. As estaduais Cônego Barros, no centro, Sebastião Fernandes Palma, na Vila
Seixas, e Cid de Oliveira Leite,
no Jardim Paulista, têm o equipamento instalado apenas em
pátios e corredores.
Segundo Jorge Luiz Rosário,
proprietário da empresa ACR
Comércio de Alarme Contra
Roubo, responsável pela instalação das câmeras nas escolas
da Vila Seixas e do Jardim Paulista, os pais não têm acesso às
imagens, o que deveria ocorrer
no caso do Cemei.
Anteontem, o diretor Ribeiro
afirmou que as câmeras não só
inibiriam indisciplina na escola, considerada modelo de ordem na rede municipal, como
poderiam levar aos pais de alunos os "bons exemplos" da escola, já que as imagens seriam
disponibilizadas em tempo real
pela internet.
Pais de alunos do Cemei ouvidos pela Folha ontem defenderam a ideia. A assistente de
pesquisas de mercado Camila
Fagundes, 28, por exemplo,
afirmou que "tudo o que for feito pela segurança é válido".
Sérgio Kodato, coordenador
do Observatório da Violência e
Práticas Exemplares da USP, é
contra. "Em vez de se investir
nessa tecnologia [câmeras], é
preciso investir em tecnologia
que ajude no ensino e na
aprendizagem", disse.
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