Ribeirão Preto, Quinta-feira, 21 de Maio de 2009

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Escola adia câmeras após bronca de Dárcy

Cemei tinha fechado contrato, bancado pela iniciativa privada, para instalar 8 equipamentos em salas de aula e corredores

Secretaria diz que projeto não é uma das prioridades da prefeitura; plano do diretor era transmitir as imagens pela internet


VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A escola municipal da periferia de Ribeirão que fechou contrato para instalar oito câmeras em salas de aula e nos corredores para vigiar os alunos teve que desistir da medida ontem.
Antonio Carlos Ribeiro, diretor do Cemei (Centro de Ensino Municipal Integrado) João Gilberto Sampaio, afirmou que o contrato será "suspenso temporariamente". Ele preferiu não esclarecer os motivos.
A Folha apurou que o anúncio da implantação das câmeras desagradou a prefeita Dárcy Vera (DEM) e a secretária da Educação, Débora Vendramini, que não tinham sido consultadas pelo diretor.
Ontem, a reportagem tentou contato com a secretária, inclusive por e-mail, mas não obteve resposta. Por nota, a Coordenadoria de Comunicação Social da prefeitura informou que "o projeto de instalação de câmeras nas escolas não é uma das prioridades e não está sendo analisado pela prefeitura".
O contrato para a instalação das câmeras, no valor de R$ 6.000, tinha sido fechado entre a escola e uma empresa de Ribeirão, sem a intermediação da prefeitura -seria bancado pela iniciativa privada.
A escola, que tem 1.200 alunos e cerca de 900 em fila de espera, também já implantou por conta própria oficinas de inglês, informática e cursos profissionalizantes de panificação. O Cemei, dirigido por Ribeiro há aproximadamente 20 anos, também mantém horta, 300 animais e uma piscina sem custos para a prefeitura.
Escolas privadas de Ribeirão e pelo menos três estaduais já têm câmeras. As estaduais Cônego Barros, no centro, Sebastião Fernandes Palma, na Vila Seixas, e Cid de Oliveira Leite, no Jardim Paulista, têm o equipamento instalado apenas em pátios e corredores.
Segundo Jorge Luiz Rosário, proprietário da empresa ACR Comércio de Alarme Contra Roubo, responsável pela instalação das câmeras nas escolas da Vila Seixas e do Jardim Paulista, os pais não têm acesso às imagens, o que deveria ocorrer no caso do Cemei.
Anteontem, o diretor Ribeiro afirmou que as câmeras não só inibiriam indisciplina na escola, considerada modelo de ordem na rede municipal, como poderiam levar aos pais de alunos os "bons exemplos" da escola, já que as imagens seriam disponibilizadas em tempo real pela internet.
Pais de alunos do Cemei ouvidos pela Folha ontem defenderam a ideia. A assistente de pesquisas de mercado Camila Fagundes, 28, por exemplo, afirmou que "tudo o que for feito pela segurança é válido".
Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP, é contra. "Em vez de se investir nessa tecnologia [câmeras], é preciso investir em tecnologia que ajude no ensino e na aprendizagem", disse.


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