Credores aprovaram ontem, de forma definitiva, o plano de recuperação judicial da rede de supermercados

Proposta de pagamento agradou pequenos credores e funcionários, mas descontentou os que não tinham garantia

ROBERTO MADUREIRA
ENVIADO ESPECIAL A SERTÃOZINHO

As 22 lojas que abrigavam a rede de supermercados Gimenes e tiveram a venda dividida entre os grupos Carrefour e Associação Ricoy devem voltar à atividade em até 45 dias, segundo contrato aprovado ontem, em assembleia que selou a recuperação judicial da empresa.
Conforme definido na semana passada, também em assembleia na sede administrativa, em Sertãozinho, o Carrefour vai pagar R$ 45 milhões à vista pelas dez principais unidades. A Ricoy ficou com 12 lojas menores, ao preço de R$ 15 milhões, parcelados em 96 vezes.
Antes da abertura, os compradores farão uma auditoria no patrimônio e negociarão a cessão do contrato de locação dos prédios onde as lojas estão instaladas. Só então efetivarão o pagamento acordado.
A proposta teve aprovação de 75% dos credores com garantias reais -todos bancos, que juntos respondem por cerca de metade da dívida do Gimenes, de R$ 165 milhões. A proposta foi aprovada ainda por 91% dos fornecedores (credores quirografários). Para passar, ela precisava de maioria em ambas.
Os números mostram que o acordo agradou tanto credores de valores pequenos como os bancos, que detêm as maiores dívidas. Para os fornecedores, com crédito entre R$ 50 mil e R$ 200 mil, não houve motivo para comemoração.
"Para os quirografários, fixou-se o valor único de R$ 8.400. Portanto, quem tem dívida pequena vai receber isso, assim como os que têm mais de R$ 100 mil para receber", disse a advogada Érica Hatzinakis, representante da Pernod Ricard e Ferrero do Brasil.
Para o advogado e economista Abrahão Issa Neto, que acompanhou as negociações como ouvinte, a proposta foi estratégica para vencer a votação e não para agradar a todos. "Quero crer que não houve má fé, mas sim que não conseguiram proponentes melhores. Era isso ou nada", afirmou.
Os representantes de sindicatos deixaram a reunião satisfeitos com a inclusão em contrato da recontratação de 80% dos ex-funcionários. O G&G, grupo que gere o Gimenes desde 2006, não comentou. Carrefour e Ricoy limitaram-se a confirmar o negócio.


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