Ribeirão Preto, Domingo, 21 de Agosto de 2011

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Obra relata suas "sacanagens jornalísticas"

Romance, editado em Ribeirão, aborda a história amorosa de três repórteres que viveram a Era Collor na capital

Livro lançado na semana passada é do jornalista Luiz Augusto Michelazzo, que hoje mora em Altinópolis


GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


O lado politicamente incorreto do jornalismo e um triângulo amoroso dentro da redação de um grande jornal em São Paulo, em plena Era Collor. Esses são os ingredientes do livro "Notícias da Matilha" (ed. Coruja), escrito por um jornalista com mais de 20 anos de profissão.
Luiz Augusto Michelazzo, 65, conhecido como Mic, garante que o livro é meramente ficção. "Mas de tudo o que a gente escreve, fica um pouco da gente", diz.
A obra conta a história do reencontro dos repórteres Maria Luiza e Antônio Capuleto, apaixonados no passado. Ela está casada e ele, divorciado e desiludido.
A paixão é vivida enquanto o Brasil mergulhava em um dos piores momentos de sua história: a inflação havia chegado, no governo José Sarney (1985-90), a 80% ao mês e chegou a 6.584% um ano antes da posse de Fernando Collor de Melo.

ENCONTROS ERÓTICOS
Na ocasião, os repórteres trabalhavam 12 horas por dia na cobertura de greves e outras notícias sobre corrupção. E entre um plantão e outro, Maria Luiza e Capuleto mantinham seus encontros eróticos.
"Então aparece a Bete, uma repórter inteligente e muito bonita que se apaixona por ele. Capuleto acaba saindo com ela também, embora seu sentimento permaneça fiel a Maria Luiza", diz.
Escrito em linguagem desbocada e com uma dose de erotismo, o livro mostra o cenário "atravancado pela aspereza da vida de repórter, odiados plantões de fins de semana, dinheiro curto, chefes tirânicos, viagens e horários que destroem relacionamentos e famílias", como afirma o autor.
"Escrevi o livro numa época em que estava com raiva. Tinha raiva do Brasil, do Plano Collor, da imprensa. Foi uma "vomitada", de uma forma poética, que me fez bem."
Depois de escrever revistas para as multinacionais General Motors e Philip Morris, Mic jogou tudo para cima e foi ser o que sempre quis: repórter. Atuou nas redações da capital -Agência Estado, "Diário Popular" e na sucursal de "O Globo"- e de Ribeirão.
Mas ele decidiu se aposentar das redações para escrever livros. "Notícias..." é o quinto -o primeiro romance.
Para ele, que hoje vive em Altinópolis, houve uma transformação nas redações dos jornais como um todo. "Os jornais viraram um produto. Essa pasteurização da notícia é irritante", afirma.
O livro, de 304 páginas, traz ilustrações do artista Paulo Camargo.


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