Ribeirão Preto, Domingo, 21 de Dezembro de 2008

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Gasparini diz que derrota não encerra carreira política

Tucano afirma que início do seu 4º mandato como prefeito de Ribeirão foi difícil

De olho em 2010, quando poderá ser candidato a deputado, Gasparini diz que gestão foi boa, com obras em todos os setores

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Ex-deputado estadual e federal e ao término de seu quarto mandato como prefeito de Ribeirão Preto, Welson Gasparini (PSDB) disse que não encerrou sua carreira política ao ser derrotado nas urnas pela deputada Dárcy Vera (DEM).
Em entrevista exclusiva à Folha, Gasparini disse que o começo da gestão foi difícil, que perdeu um ano e meio para pôr a "casa em ordem" e que perdeu votos na eleição ao decidir implantar radares para fiscalizar o trânsito de Ribeirão. Mas não se arrepende. Entre o que considerou positivo em sua gestão apontou a implantação de GPS nas ambulâncias, as obras em 50 unidades escolares, o funcionamento do Distrito Empresarial e a chegada do helicóptero Águia na PM. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista de Gasparini à Folha.

 

FOLHA - Ao deixar a prefeitura, o sr. encerra sua carreira política?
WELSON GASPARINI
- Eu vou descansar uns 15 dias. Nos quatro anos só tirei dez dias de férias e foi após o período eleitoral. Não vou parar com a política.

FOLHA - Isso significa que Gasparini será candidato em 2010?
GASPARINI
- Posso ser, sim. Vou descansar agora, depois vou definir o que vou fazer, mas continuarei na política, sim. E no PSDB.

FOLHA - A saída da prefeitura de seu filho Gasparini Junior, no início da gestão, por causa da lei antinepotismo, atrapalhou os seus planos de sucessão?
GASPARINI
- Muito, ele era meu braço direito, competente e de confiança, que trabalhava mais de dez horas por dia. Foi uma pena, tanto que, depois, a lei disse que ele podia ter ficado. Atrapalhei muito a vida dele.

FOLHA - O que o sr. aponta como principais pontos da gestão?
GASPARINI
- Foi uma boa gestão, com obras em todos os setores. Na saúde, implantamos o cartão municipal e adquirimos mil computadores. Também passamos a ter GPS nas ambulâncias. Na habitação, foram construídas 4.855 casas e estão em construção 586. Na educação, ampliamos e reformamos 50 unidades escolares. Estão em construção mais seis creches, com 2.860 vagas. O Distrito Empresarial foi uma grande obra, são 59 novas empresas construindo suas unidades e duas já estão funcionando. Ainda temos outros destaques, como na segurança, em que trouxemos o helicóptero para Ribeirão, fizemos 19 novos poços artesianos e quatro reservatórios. E, no desfavelamento, incluímos quatro favelas no Aeroporto, com recursos do PAC e do governo do Estado, num total de quase R$ 50 milhões, para que 1.200 famílias passem para planos habitacionais.

FOLHA - O senhor está deixando dívida de R$ 180 milhões...
GASPARINI
- O principal é que não devemos nada a ninguém, o comércio está com os pagamentos 100% em dia, todos os fornecedores. Temos dívida fundada [parcelada], enorme, como a da Telefônica, de R$ 23 milhões, que não é do meu governo. Todas as dívidas fundadas não são do meu governo. Uma delas, por exemplo, é com o Sassom, que os prefeitos anteriores não recolheram a contribuição. São cerca de R$ 18 milhões.

FOLHA - O sr. tem algum arrependimento da quarta gestão?
GASPARINI
- Eu gostaria de ter feito muito mais, perdi um ano e meio lá atrás, colocando as finanças em ordem. O começo foi muito difícil.

FOLHA - O que o senhor não fez e queria ter feito?
GASPARINI
- Queria ter construído mais creches. Fiz bastante, mas queria ter feito mais, além do centro administrativo. Aqui [Palácio Rio Branco], restauraria o prédio e o transformaria num museu. Também queria ter feito o aquário do bosque, tenho projeto pronto. Para o Parque Tecnológico, arrumamos verba, acho que é muito importante e queria ter feito também. Ah, tem tanta coisa que eu sonhava fazer... Acho que fiz o possível, não estou frustrado.

FOLHA - Como ex-presidente da Associação Brasileira dos Municípios, de que forma o senhor acredita que a crise mundial atingirá as prefeituras?
GASPARINI
- Ribeirão é a última cidade do Brasil aonde chega uma crise e é a primeira de onde ela vai embora, porque tem uma economia equilibrada, com atividade industrial, comércio, serviços e agronegócio. São quatro linhas diversificadas. Se tivéssemos só indústria, haveria crise, mas aqui não é assim.

FOLHA - Mas a crise chegará?
GASPARINI
- Acho que deve diminuir um pouco a previsão de arrecadação, se cair o ICMS. Às vezes não diminui em Ribeirão, mas no Estado sim, o que faz cair o total. Certamente, a prefeita já está prevendo tudo isso e, não só por esse motivo, no primeiro ano você busca fazer economia, botar em ordem o que achar necessário.

FOLHA - O senhor teme ficar marcado como o prefeito que perdeu a Agrishow?
GASPARINI
- Não, porque não tem nada comigo. No ano que vem será em Ribeirão e, possivelmente em 2010, também. Tenho esperança de que vai continuar em Ribeirão. É que saiu muito dinheiro pelo governo federal, para que a Abimaq vá para São Carlos, mas o próprio presidente da Abimaq disse que, se o dinheiro não for liberado até 31 de dezembro, volta tudo à estaca zero. E sei que há uma divisão muito grande na Abimaq, um grupo grande é contra a saída de Ribeirão. O próprio presidente da feira, o ex-ministro Roberto Rodrigues, renunciou à feira por causa disso. A futura prefeita está em entendimento com o secretário da Agricultura, o deputado Duarte Nogueira (PSDB) já disse que já tem quem faça outra feira em Ribeirão, mas aí vai ser uma divisão, desnecessária. Eles [Abimaq] sabem que o ano que vem será de crise, o outro também, e em anos de crise vão experimentar?

FOLHA - Prefeito, porque este ano a Transerp não divulgou estatísticas de multas aplicadas? Em sabatina da Folha, o senhor se comprometeu a liberar as informações, o que não ocorreu. A Transerp alega não ter condições de divulgar. Por que isso no último ano do governo?
GASPARINI
- Tem sim [condições de divulgar], tanto que a prefeita [eleita] tem todos os dados em mãos...

FOLHA - A transição não tem informações sobre multas...
GASPARINI
- É importante, como jornalista, que vocês ajudem. No ano passado, morreram no trânsito 66 pessoas e foram internadas em hospitais, vítimas de trânsito, 2.680. Se você disser que tem quem foi multado e estava abaixo do limite de velocidade, a multa é cancelada na hora. Agora, se a pessoa estava acima do permitido, tem que multar.

FOLHA - Esses dados, prefeito, eram fornecidos mês a mês, sem problema algum. Mas no último ano, de eleições, eles sumiram...
GASPARINI
- Vem um e diz "indústria da multa", "isso aí é para ganhar dinheiro". Se está multando quem desrespeita a lei, não é indústria da multa. Se você não botar ordem, é mais gente morta no trânsito de Ribeirão, que é a cidade do porte dela com menos radares. Só dois e, agora, o promotor exigiu mais dois, sendo dois fixos. E ainda os absurdos, de ter de colocar tabuleta enorme dizendo "respeita a velocidade porque daqui a 200 m tem um radar". É um absurdo. Além disso sai nos jornais, na rádio, nas TVs, que os radares estarão em rua tal, tal e tal. Isso é até vergonhoso, vou ser sincero. Sei que perdi votos com isso, mas cumpri minha obrigação. Se consegui salvar duas ou três vítimas, para mim está compensado.

FOLHA - O que o senhor espera do governo Dárcy Vera?
GASPARINI
- Peço a Deus que a proteja e que seja feliz em sua administração, para o bem do povo de Ribeirão Preto.


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