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Gasparini diz que derrota não encerra carreira política
Tucano afirma que início do seu 4º mandato como prefeito de Ribeirão foi difícil
De olho em 2010, quando poderá ser candidato a deputado, Gasparini diz que gestão foi boa, com obras em todos os setores
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Ex-deputado estadual e federal e ao término de seu quarto
mandato como prefeito de Ribeirão Preto, Welson Gasparini
(PSDB) disse que não encerrou
sua carreira política ao ser derrotado nas urnas pela deputada
Dárcy Vera (DEM).
Em entrevista exclusiva à
Folha, Gasparini disse que o começo da gestão foi difícil, que
perdeu um ano e meio para pôr
a "casa em ordem" e que perdeu votos na eleição ao decidir
implantar radares para fiscalizar o trânsito de Ribeirão. Mas
não se arrepende.
Entre o que considerou positivo em sua gestão apontou a
implantação de GPS nas ambulâncias, as obras em 50 unidades escolares, o funcionamento
do Distrito Empresarial e a
chegada do helicóptero Águia
na PM. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista de
Gasparini à Folha.
FOLHA - Ao deixar a prefeitura, o sr.
encerra sua carreira política?
WELSON GASPARINI - Eu vou descansar uns 15 dias. Nos quatro
anos só tirei dez dias de férias e
foi após o período eleitoral. Não
vou parar com a política.
FOLHA - Isso significa que Gasparini
será candidato em 2010?
GASPARINI - Posso ser, sim. Vou
descansar agora, depois vou definir o que vou fazer, mas continuarei na política, sim. E no
PSDB.
FOLHA - A saída da prefeitura de
seu filho Gasparini Junior, no início
da gestão, por causa da lei antinepotismo, atrapalhou os seus planos de
sucessão?
GASPARINI -
Muito, ele era meu braço direito,
competente e de confiança, que trabalhava mais de dez horas por dia.
Foi uma pena, tanto que, depois, a
lei disse que ele podia ter ficado.
Atrapalhei muito a vida dele.
FOLHA - O que o sr. aponta como
principais pontos da gestão?
GASPARINI - Foi uma boa gestão,
com obras em todos os setores.
Na saúde, implantamos o cartão municipal e adquirimos mil
computadores. Também passamos a ter GPS nas ambulâncias.
Na habitação, foram construídas 4.855 casas e estão em
construção 586. Na educação,
ampliamos e reformamos 50
unidades escolares. Estão em
construção mais seis creches,
com 2.860 vagas. O Distrito
Empresarial foi uma grande
obra, são 59 novas empresas
construindo suas unidades e
duas já estão funcionando. Ainda temos outros destaques, como na segurança, em que trouxemos o helicóptero para Ribeirão, fizemos 19 novos poços
artesianos e quatro reservatórios. E, no desfavelamento, incluímos quatro favelas no Aeroporto, com recursos do PAC e
do governo do Estado, num total de quase R$ 50 milhões, para que 1.200 famílias passem
para planos habitacionais.
FOLHA - O senhor está deixando dívida de R$ 180 milhões...
GASPARINI - O principal é que
não devemos nada a ninguém, o
comércio está com os pagamentos 100% em dia, todos os
fornecedores. Temos dívida
fundada [parcelada], enorme,
como a da Telefônica, de R$ 23
milhões, que não é do meu governo. Todas as dívidas fundadas não são do meu governo.
Uma delas, por exemplo, é com
o Sassom, que os prefeitos anteriores não recolheram a contribuição. São cerca de R$ 18
milhões.
FOLHA - O sr. tem algum arrependimento da quarta gestão?
GASPARINI - Eu gostaria de ter
feito muito mais, perdi um ano
e meio lá atrás, colocando as finanças em ordem. O começo
foi muito difícil.
FOLHA - O que o senhor não fez e
queria ter feito?
GASPARINI - Queria ter construído mais creches. Fiz bastante, mas queria ter feito mais,
além do centro administrativo.
Aqui [Palácio Rio Branco], restauraria o prédio e o transformaria num museu. Também
queria ter feito o aquário do
bosque, tenho projeto pronto.
Para o Parque Tecnológico, arrumamos verba, acho que é
muito importante e queria ter
feito também. Ah, tem tanta
coisa que eu sonhava fazer...
Acho que fiz o possível, não estou frustrado.
FOLHA - Como ex-presidente da
Associação Brasileira dos Municípios, de que forma o senhor acredita
que a crise mundial atingirá as prefeituras?
GASPARINI - Ribeirão é a última
cidade do Brasil aonde chega
uma crise e é a primeira de onde ela vai embora, porque tem
uma economia equilibrada,
com atividade industrial, comércio, serviços e agronegócio.
São quatro linhas diversificadas. Se tivéssemos só indústria,
haveria crise, mas aqui não é assim.
FOLHA - Mas a crise chegará?
GASPARINI - Acho que deve diminuir um pouco a previsão de
arrecadação, se cair o ICMS. Às
vezes não diminui em Ribeirão,
mas no Estado sim, o que faz
cair o total. Certamente, a prefeita já está prevendo tudo isso
e, não só por esse motivo, no
primeiro ano você busca fazer
economia, botar em ordem o
que achar necessário.
FOLHA - O senhor teme ficar marcado como o prefeito que perdeu a
Agrishow?
GASPARINI - Não, porque não
tem nada comigo. No ano que
vem será em Ribeirão e, possivelmente em 2010, também.
Tenho esperança de que vai
continuar em Ribeirão. É que
saiu muito dinheiro pelo governo federal, para que a Abimaq
vá para São Carlos, mas o próprio presidente da Abimaq disse que, se o dinheiro não for liberado até 31 de dezembro, volta tudo à estaca zero. E sei que
há uma divisão muito grande
na Abimaq, um grupo grande é
contra a saída de Ribeirão. O
próprio presidente da feira, o
ex-ministro Roberto Rodrigues, renunciou à feira por causa disso. A futura prefeita está
em entendimento com o secretário da Agricultura, o deputado Duarte Nogueira (PSDB) já
disse que já tem quem faça outra feira em Ribeirão, mas aí vai
ser uma divisão, desnecessária.
Eles [Abimaq] sabem que o ano
que vem será de crise, o outro
também, e em anos de crise vão
experimentar?
FOLHA - Prefeito, porque este ano
a Transerp não divulgou estatísticas
de multas aplicadas? Em sabatina
da Folha, o senhor se comprometeu
a liberar as informações, o que não
ocorreu. A Transerp alega não ter
condições de divulgar. Por que isso
no último ano do governo?
GASPARINI - Tem sim [condições de divulgar], tanto que a
prefeita [eleita] tem todos os
dados em mãos...
FOLHA - A transição não tem informações sobre multas...
GASPARINI - É importante, como jornalista, que vocês ajudem. No ano passado, morreram no trânsito 66 pessoas e foram internadas em hospitais,
vítimas de trânsito, 2.680. Se
você disser que tem quem foi
multado e estava abaixo do limite de velocidade, a multa é
cancelada na hora. Agora, se a
pessoa estava acima do permitido, tem que multar.
FOLHA - Esses dados, prefeito,
eram fornecidos mês a mês, sem
problema algum. Mas no último
ano, de eleições, eles sumiram...
GASPARINI - Vem um e diz "indústria da multa", "isso aí é para
ganhar dinheiro". Se está multando quem desrespeita a lei,
não é indústria da multa. Se você não botar ordem, é mais gente morta no trânsito de Ribeirão, que é a cidade do porte dela
com menos radares. Só dois e,
agora, o promotor exigiu mais
dois, sendo dois fixos. E ainda
os absurdos, de ter de colocar
tabuleta enorme dizendo "respeita a velocidade porque daqui
a 200 m tem um radar". É um
absurdo. Além disso sai nos jornais, na rádio, nas TVs, que os
radares estarão em rua tal, tal e
tal. Isso é até vergonhoso, vou
ser sincero. Sei que perdi votos
com isso, mas cumpri minha
obrigação. Se consegui salvar
duas ou três vítimas, para mim
está compensado.
FOLHA - O que o senhor espera do
governo Dárcy Vera?
GASPARINI - Peço a Deus que a
proteja e que seja feliz em sua
administração, para o bem do
povo de Ribeirão Preto.
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