|
Próximo Texto | Índice
"Farra das passagens" atinge três da região
Deputados federais Ubiali e Lobbe Neto usaram cotas para viagens de parentes ao exterior; Nogueira foi para a Alemanha
Cientista social diz que é estranho um deputado achar normal estender os benefícios públicos a sua família ou aos seus amigos
JEAN DE SOUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A "farra de passagens", que
tem causado turbulências no
Congresso, atinge pelo menos
três deputados federais da região. Lobbe Neto (PSDB), de
São Carlos, e Marco Aurélio
Ubiali (PSB), de Franca, utilizaram as cotas de passagens a que
têm direito para pagar viagens
de parentes em 2007 e 2008. Já
Antônio Duarte Nogueira Junior (PSDB), de Ribeirão, usou
a cota para viajar a Alemanha,
em outubro de 2008.
O levantamento é do site
Congresso em Foco, feito a partir de registros fornecidos pelas
companhias aéreas.
O recordista da região é Marco Aurélio Ubiali, com 11 bilhetes. Entre os beneficiados pela
cota de passagens do deputado
estão sua mulher, Eugenia
Ubiali, e os filhos Guilherme e
Julia, além da assessora Claudia Cursino, e de Muriel Pinheiro, uma estudante bolsista
que o deputado diz ter ajudado
a viajar para Alemanha. Os destinos do deputado, de sua família e da assessora incluem Nova
York, Miami e Milão.
Na cota de Lobbe Neto, constam três bilhetes, emitidos em
nome de Lilian e Thais Lobbe,
respectivamente sua mulher e
filha. A viagem, feita em outubro de 2007, teve como destino
Santiago (Chile). Nogueira tem
dois bilhetes emitidos para ele
mesmo em viagem (ida e volta)
para Frankfurt.
Ubiali disse que seguiu orientação da Mesa e que não vê
imoralidade em viajar ao exterior acompanhado da mulher e
dos filhos, já que o trabalho do
parlamentar não se resume às
atividades em Brasília. Lobbe
Neto afirmou que as viagens foram pagas com milhagem e Nogueira disse que fez uma viagem de trabalho a Alemanha
(leia nesta página).
As cotas de passagens são
destinadas aos parlamentares
para que eles possam viajar às
bases eleitorais nos finais de semana e para cumprirem agenda parlamentar. A verba mensal de cada um era de R$ 4,7 mil
a R$ 18,7 mil -a cota dos políticos da região era de cerca de
R$ 9 mil -, mas os valores tiveram redução de 20%, após a enxurrada de denúncias.
Reagindo à sucessão de escândalos envolvendo o amplo
pacote de benefícios dos parlamentares, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB),
que também admitiu ter usado
sua cota para bancar viagens de
parentes, anunciou ontem
"medidas moralizadoras", entre elas, um maior controle sobre as passagens.
Para a professora de ciência
política da Unesp de Araraquara Maria Teresa Kerbauer, o argumento dos deputados -de
que a distribuição de passagens
entre parentes era um prática
comum no Congresso- é "injustificável". "Estranho que um
deputado, aquele que é representante do eleitor, ache normal estender os benefícios públicos a sua família e amigos."
Próximo Texto: Outro lado: Ubiali diz não ver nenhuma imoralidade Índice
|