Ribeirão Preto, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 2010

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Usinas voltam a investir na entressafra

Estudo do Itaú BBA diz que 31 grupos pesquisados estão em condições de retomar investimentos após a crise

Um dos investimentos será feito pelo Grupo São Martinho, de R$ 60 milhões, na sua unidade de Pradópolis


Silva Junior/Folhapress
Caminhões de cana-de-açúcar passam por operários que trabalham em tanque na Usina São Francisco, em Sertãozinho

VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

O fim dos efeitos da crise financeira mundial no Brasil, aliado à recuperação dos preços do açúcar e álcool, ressuscitaram o interesse das usinas da região de Ribeirão Preto por investimentos no período da entressafra.
Com mais dinheiro do que nas safras anteriores, a maioria das unidades prevê aportes significativos para a manutenção e a aquisição de novas máquinas e equipamentos. O objetivo é garantir maior produtividade e aumento da participação da usina no mercado.
Levantamento feito pelo banco Itaú BBA constatou que 31 de 66 grupos sucroalcooleiros pesquisados no país estão em condições de retomar os investimentos após os prejuízos gerados pela crise financeira, deflagrada em setembro de 2008.
Entre os grupos, boa parte deles tem unidades na macrorregião de Ribeirão Preto, como a São Martinho, em Pradópolis, além da Cosan-Shell, Louis Dreyfus Commodities (controladora da Santelisa Vale), Tereos-Guarani e Usina da Pedra.
"Esses 31 grupos somam 65% da capacidade de moagem das unidades pesquisadas e estão todos em condições de voltar a investir para garantir produtividade", disse o diretor do Itaú BBA, Alexandre Figliolino.
O Grupo São Martinho, por exemplo, vai investir R$ 60 milhões em manutenção e melhorias na sua unidade de Pradópolis.
"Quem não faz manutenção, perde produtividade", afirmou o diretor de relações com investidores do grupo, Felipe Vicchiato.
As usinas que operam sozinhas também preveem investimentos. A Folha apurou que a Usina Batatais deve injetar R$ 30 milhões na manutenção e compra de dez novas máquinas colhedoras -cada uma por R$ 1 milhão.
Já na Usina São Francisco, em Sertãozinho, o investimento será de R$ 45 milhões, sendo R$ 25 milhões aplicados na manutenção da unidade e o restante na implantação de um novo equipamento para a produção de álcool orgânico.

ESTAGNAÇÃO
De acordo com Figliolino, as duas safras sucroalcooleiras anteriores provocaram um "recesso" dos investimentos, o que teria contribuído para a diminuição do nível de endividamento médio das usinas na região de Ribeirão e os novos investimentos a partir de agora.
Para o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, os investimentos industriais serão concentrados menos em expansão de novas usinas e mais em modernização e aumento de flexibilidade industrial das unidades já existentes.
"Esses investimentos devem ocorrer, principalmente, na direção da fabricação de açúcar e produção de etanol anidro", afirmou o consultor, justificando a medida como reflexo dos bons preços dos produtos praticados pelo mercado em 2010. Anidro é o álcool misturado à gasolina -o utilizado nos veículos flex é o hidratado.
Segundo o diretor industrial da Usina São Francisco, Jairo Balbo, os investimentos na indústria visam aumentar a produtividade. "Vamos diminuir o consumo de vapor para melhorar o processo de produção de açúcar e álcool", afirmou.
No caso do álcool orgânico, toda a tecnologia é exclusiva para a produção de etanol voltado ao mercado cosmético. A usina tem um contrato de exclusividade com a Natura e toda a produção deverá abastecer a empresa.


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