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Preso por 5 anos, acusado de estupro é absolvido
Hudson Luiz França foi acusado de ter estuprado prostituta em Ribeirão
Desembargador disse que não há provas contra o réu, que foi preso em flagrante em 2004; França ainda
está preso em Serra Azul
GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Após quase cinco anos preso
por uma condenação de estupro e atentado violento ao pudor, Hudson Luiz França foi
absolvido pelo TJ (Tribunal de
Justiça) de São Paulo por falta
de provas. A decisão, de dezembro, foi publicada anteontem
no "Diário Oficial" do Estado.
O alvará de soltura ainda não
chegou à Penitenciária 2 de
Serra Azul, onde ele está preso.
O Ministério Público pode recorrer da decisão.
O relator do processo, desembargador Ivan Marques,
disse que não há provas suficientes para condená-lo e que
só a palavra da vítima, neste caso, não basta. França foi preso
em flagrante em março de
2004, acusado de estuprar uma
prostituta em Ribeirão Preto. A
mulher diz que ele a obrigou a
fazer sexo oral, vaginal e anal
sob ameaça de uma faca.
França negou o crime. Ele
alega, segundo consta no relatório de sua absolvição, que a
prostituta exigiu, após a relação, um preço maior do que o
combinado. Ele disse que discutiu com a garota e, em seguida, a prostituta começou a gritar por socorro, dizendo que
havia sido estuprada. Ele correu e foi preso em flagrante.
A faca citada pela prostituta
não foi achada. Para justificar a
decisão, o relator argumenta na
sentença que a mulher não
apresentava sinais de violência
sexual e que, como a faca não
foi encontrada nem há testemunhas contra França, não havia mais prova.
O relator do processo afirma
que ouviu três testemunhas
que disseram que a suposta vítima já teria forjado outros estupros e, por isso, o testemunho dela não bastava. "Diante
de todas essas considerações,
penso que a palavra da vítima,
única prova contra o réu, não
pode ter o crédito que normalmente tem uma ofendida agredida sexualmente", diz o relator em trecho da decisão.
De acordo com o juiz Eduardo Alexandre Young Abrahão,
que defendeu o acusado -na
época, Abrahão era procurador
do Estado, o equivalente hoje a
defensor público-, foram outras três prostitutas que prestaram depoimento dizendo que a
suposta vítima já havia fingido
ter sofrido outros estupros. "Na
audiência feita quando o processo estava em primeira instância, lembro que ela [a prostituta] chorou e acabou comovendo muita gente", disse
Abrahão, que afirmou ainda
que França tem passagens por
outros crimes -lesão corporal
e tráfico-, o que pode ter contribuído para a decisão em primeira instância.
A Folha não teve acesso à
sentença emitida pelo juiz Junio Cláudio Campos Furtado,
pois funcionários do Fórum informaram que, em casos de estupro, somente as partes envolvidas podem ver o processo.
O juiz está em férias e não foi
localizado pela Folha. O promotor do caso, José Roberto
Marques, também está em férias e não foi encontrado.
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