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FOCO
Fazenda de café em São Carlos faz 150 anos
DE RIBEIRÃO PRETO
A produção premiada de
café foi extinta há muito anos
na Fazenda Paraízo, em São
Carlos. No entanto, o fim da
cultura e a vinda de outras
gerações da família Lacerda
não apagaram a história da
propriedade, que está completando 150 anos.
Terreiro para esparramar o
café, casa de máquina para
beneficiar os grãos, local de
armazenamento. Toda a estrutura do período cafeeiro
foi mantida na fazenda.
Quem retrata a trajetória
da Paraízo é a proprietária,
Beatriz Franco de Lacerda
Bacellar, 54, bióloga e apaixonada pela fazenda onde
passou a infância. Ela faz
parte da quinta geração da
família do fundador do local,
José de Lacerda Guimarães, o
Barão de Arari.
"Ele comprou essa gleba
de terra em 1860. Depois passou a um dos seus filhos,
Cândido Franco de Lacerda,
que foi o grande empreendedor. Fez a casa principal e outras estruturas e foi um grande produtor de café da sua
época", conta Beatriz.
O café feito em Paraízo era
voltado à exportação e sua
qualidade rendeu um prêmio
em Paris, em 1889. A medalha, ainda hoje, está exposta
em uma estante na fazenda,
assim como retratos de familiares, móveis e objetos que
participaram da história de
quem viveu na propriedade
em outras épocas.
Além de café, a fazenda já
teve plantação de algodão e
laranja e gado de leite. "Vários tipos de cultivo foram se
alternando porque o café já
não tinha a mesma força."
A família administrou o local até 1987. Naquele ano,
morreu o pai de Beatriz, José
Franco de Lacerda, e a terra
foi arrendada.
Dez anos depois, Beatriz
reassumiu a terra e, aos poucos, recuperou a vitalidade
do lugar que a viu crescer.
"Voltei e tinha só mato,
jardins sem cuidados, a casa
era um abandono. Consegui
colocar tudo em ordem dez
anos depois", conta.
Mesmo com o crescimento
da cidade, o local conserva
calma e sossego. Em frente
ao casarão, é possível avistar
o lago. Um pouco mais
adiante, vê-se o gado, atividade hoje desenvolvida no
local, ao lado da plantação
de cana-de-açúcar.
A família já tem representantes da sétima geração do
Barão de Arari e, se depender
de Beatriz, o legado vai permanecer.
"Tenho um apego sentimental por ter vivido muitos
momentos bons aqui. Acho
que é importante passar toda
essa história", disse.
Para comemorar, ontem
seria servido um almoço para
250 convidados, entre amigos e familiares.
(LS)
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