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Suposto esquema no pátio envolvia cargos de confiança
Segundo depoimentos, ordens de desmanche partiam de funcionários ligados a Muniz
Diretor casado com sobrinha do ex-prefeito é um dos acusados; Latuf diz que a investigação está agora com promotores
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Relatório da sindicância administrativa que apura suposto
esquema de desmanche de veículos ocorrido entre 2005 e
2008 na Transerp indica, segundo depoimentos de funcionários, que as irregularidades
envolviam dois cargos de confiança do então superintendente Antônio Carlos Muniz.
Um deles, segundo a Folha
apurou, é caso com uma sobrinha do ex-prefeito Welson
Gasparini (PSDB).
Os depoimentos apontam
dois nomes principais: Valter
Roberto de Oliveira, ex-administrador do pátio, e José Luiz
Del Rosso, ex-diretor financeiro e ligado ao então prefeito. O
filho de Del Rosso, Richard
Gasparini Del Rosso, também é
citado na sindicância.
Os trechos dos relatos apontam, ainda, outros funcionários
que supostamente participaram do esquema. Roberto Magrini, funcionário concursado
responsável pelo sistema de informática, é acusado de apagar
os dados dos veículos que desapareciam no pátio. Todos os
acusados negam (leia mais C3).
Os depoimentos que compõem o relatório fazem acusações graves (veja quadro nesta
página). O documento, assinado pela presidente da comissão, Taís Roxo da Fonseca, assessora jurídica da Transerp,
conclui que "os fatos apurados
pelas declarações atestam que
na administração anterior era
prática comum o "desossamento" dos veículos apreendidos no
pátio da Transerp.
Ontem, o atual superintendente da Transerp, William Latuf, ao lado da advogada, reuniu
a imprensa. "O caso está nas
mãos do Ministério Público. A
Transerp fez seu papel: investigou, ouviu funcionários e passou o caso. Garantimos que esse tipo de irregularidade não
ocorrerá novamente."
A investigação começou após
reportagem da Folha, em maio,
mostrar que uma moto foi retirada do pátio sem o pagamento
das taxas devidas.
Eles afirmaram que ainda é
impossível saber o tamanho do
prejuízo. "Houve prejuízo, que
será quantificado por perícia.
Não sabemos se será possível
reparar os cofres", disse Taís.
Em relação às multas que teriam sido apagadas, Latuf disse
apenas que a sindicância confirmou que o sistema era falho
e permitia alterações. No entanto, ele deu poucos detalhes.
Anteontem, o promotor Sebastião Sérgio da Silveira disse
à Folha que pelo menos 20 mil
multas foram apagadas.
Sobre os funcionários que
prestaram os depoimentos, Latuf afirmou que um processo
administrativo pode ser aberto
para investigar a participação
deles no esquema, mas Taís fez
a defesa deles: "Existe uma
questão de superioridade. Você
recebe uma ordem de um chefe, tem uma família para sustentar e acaba obedecendo, especialmente no Brasil, que tem
alto desemprego."
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