Ribeirão Preto, Sexta-feira, 26 de Junho de 2009

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Suposto esquema no pátio envolvia cargos de confiança

Segundo depoimentos, ordens de desmanche partiam de funcionários ligados a Muniz

Diretor casado com sobrinha do ex-prefeito é um dos acusados; Latuf diz que a investigação está agora com promotores


LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Relatório da sindicância administrativa que apura suposto esquema de desmanche de veículos ocorrido entre 2005 e 2008 na Transerp indica, segundo depoimentos de funcionários, que as irregularidades envolviam dois cargos de confiança do então superintendente Antônio Carlos Muniz.
Um deles, segundo a Folha apurou, é caso com uma sobrinha do ex-prefeito Welson Gasparini (PSDB).
Os depoimentos apontam dois nomes principais: Valter Roberto de Oliveira, ex-administrador do pátio, e José Luiz Del Rosso, ex-diretor financeiro e ligado ao então prefeito. O filho de Del Rosso, Richard Gasparini Del Rosso, também é citado na sindicância.
Os trechos dos relatos apontam, ainda, outros funcionários que supostamente participaram do esquema. Roberto Magrini, funcionário concursado responsável pelo sistema de informática, é acusado de apagar os dados dos veículos que desapareciam no pátio. Todos os acusados negam (leia mais C3).
Os depoimentos que compõem o relatório fazem acusações graves (veja quadro nesta página). O documento, assinado pela presidente da comissão, Taís Roxo da Fonseca, assessora jurídica da Transerp, conclui que "os fatos apurados pelas declarações atestam que na administração anterior era prática comum o "desossamento" dos veículos apreendidos no pátio da Transerp.
Ontem, o atual superintendente da Transerp, William Latuf, ao lado da advogada, reuniu a imprensa. "O caso está nas mãos do Ministério Público. A Transerp fez seu papel: investigou, ouviu funcionários e passou o caso. Garantimos que esse tipo de irregularidade não ocorrerá novamente."
A investigação começou após reportagem da Folha, em maio, mostrar que uma moto foi retirada do pátio sem o pagamento das taxas devidas.
Eles afirmaram que ainda é impossível saber o tamanho do prejuízo. "Houve prejuízo, que será quantificado por perícia. Não sabemos se será possível reparar os cofres", disse Taís.
Em relação às multas que teriam sido apagadas, Latuf disse apenas que a sindicância confirmou que o sistema era falho e permitia alterações. No entanto, ele deu poucos detalhes.
Anteontem, o promotor Sebastião Sérgio da Silveira disse à Folha que pelo menos 20 mil multas foram apagadas.
Sobre os funcionários que prestaram os depoimentos, Latuf afirmou que um processo administrativo pode ser aberto para investigar a participação deles no esquema, mas Taís fez a defesa deles: "Existe uma questão de superioridade. Você recebe uma ordem de um chefe, tem uma família para sustentar e acaba obedecendo, especialmente no Brasil, que tem alto desemprego."


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