Ribeirão Preto, Quarta-feira, 26 de Novembro de 2008

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Volks de São Carlos anuncia férias coletivas

Principais metalúrgicas da região também devem dar férias a seus funcionários em dezembro, o que não ocorria desde 2002

Falta de novos contratos ou adiamentos explicam a medida, que pode ser sucedida de demissões, caso a crise persista

Silva Junior/Folha Imagem
Analistas acompanham oscilações do mercado financeiro nos computadores da TBC Investimentos, corretora de Ribeirão

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

A fábrica de motores da da Volkswagen em São Carlos anunciou que vai dar férias coletivas a todos os seus funcionários em dezembro. E não deve ser a única. Os reflexos da crise mundial que já atingem diversos setores da economia devem provocar uma onda de férias coletivas nas principais empresas metalúrgicas da região de Ribeirão Preto, fato que não ocorria desde 2002.
Na Volkswagen, 480 metalúrgicos entrarão em férias coletivas a partir do dia 8 de dezembro e outros 310 saem no dia 15. A empresa se limita a dizer, em nota, que a medida foi tomada "para adequar os volumes de produção à demanda atual do mercado brasileiro e realizar ajustes técnicos das linhas de produção para os lançamentos de 2009".
Segundo Erick Pereira da Silva, secretário de formação do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté, a fábrica da Volks não dava férias coletivas havia pelo menos dois anos. No entanto, Silva, que trabalha na empresa, minimizou os efeitos da paralisação.
"Ainda não fomos notificados oficialmente, mas não vejo preocupação. Seria um problema se [as férias] fossem no meio do ano."
Em Sertãozinho, a Dedini Indústrias de Base também anunciou férias coletivas. Por meio de sua assessoria de imprensa, a indústria informou que a medida já estava programada, mas sua duração, bem como os setores atingidos, foram ampliados. Os funcionários estarão de férias de 22 de dezembro a 2 de janeiro.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Ribeirão Preto, Sertãozinho e região, cerca de 7.000 dos 17 mil trabalhadores sindicalizados na região deverão entrar em férias. "Estamos preocupados, clientes estão postergando pedidos. E isso inibe a produção", disse Élio Cândido, presidente do sindicato. "A metalurgia, principalmente no setor sucroalcooleiro, não tira férias coletivas desde 2002."
Segundo o Ceise-BR (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético), de Sertãozinho, as férias coletivas devem atingir até 15% dos funcionários, e vão servir como válvula de escape nesta época de incertezas.
"A maioria [das indústrias] prevê, na verdade, dispensas. Mas as empresas não têm recursos para fazer grandes dispensas, pois o custo é alto. Então estão optando pelas férias coletivas", disse Mário Garrefa, presidente do Ceise, que vê pontos positivos nas férias.
"Quanto mais tempo você adia essa demissão, maiores são as chances de recuperação do mercado e reversão do quadro, cancelando as demissões."
Na região de Matão, que tem 48 indústrias de máquinas e implementos agrícolas, a preocupação também existe. "Já há uma forte indicação de férias coletivas, pois a carteira de pedidos se extinguiu", disse Roberto Luiz Cadioli, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).


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