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Aids avança entre os idosos na região
Na regional de Ribeirão, casos entre 50 e 54 anos ficam 57% acima do total entre jovens de 20 a 24 anos
DA FOLHA RIBEIRÃO
Taxada no passado como
doença de homossexuais e de
jovens, a Aids avança na região
de Ribeirão Preto entre os mais
velhos. O número de novos casos da doença em pessoas na
faixa dos 50 anos é 57,89%
maior que os registros entre os
que têm entre 20 a 24 anos, na
fase de plena atividade sexual.
É o que revela levantamento
da Secretaria de Estado da Saúde, de 2003 até o primeiro semestre deste ano, entre os quatro DRS (Departamentos Regionais de Saúde) que compõem a região -Ribeirão, Barretos, Franca e Araraquara. Na
regional de Ribeirão, foram notificadas 60 casos entre 50 e 54
anos infectadas com o vírus
HIV. Entre os que têm de 20 a
24 anos, foram 38 notificações.
Em Barretos, a relação foi de
15 pessoas infectadas entre os
mais velhos, contra 10 jovens.
Já em Franca, os dois extremos
empatam em oito registros.
Apenas no DRS de Araraquara
há predominância entre jovens: 25 casos, contra 23.
Nas quatro regionais, essa foi
a única faixa em que houve alta
no total de casos. A região segue
tendência do Estado. Só no primeiro trimestre deste ano, a
proporção de infectados acima
dos 50 anos é de 15%. Em 1998,
a proporção era de 4%.
Para a coordenadora estadual de DST/Aids Maria Clara
Gianna, falta campanha focada
nos idosos. "São pessoas que
voltaram a ter vida sexual ativa,
mas que se negam a usar camisinha." Gianna também cita o
envelhecimento da população.
Para o secretário da Saúde de
Ribeirão, Oswaldo Cruz Franco, a oferta nos últimos anos de
medicamentos que combatem
a impotência reativou a vida sexual na terceira idade, sem a
preocupação com doenças. "Os
homens passaram a ter mais
atividade sexual, se contaminando sem nenhum cuidado."
Cabelos grisalhos
O sorriso largo, a silhueta acima do peso e os cabelos grisalhos tentam esconder uma "vilã" que acompanha Sebastião
(nome fictício), 54. Todos os
dias, toma um coquetel de remédios. Ele descobriu ter Aids
em 1999.
Ex-maquinista de trem, Sebastião disse que se contaminou quando retirava o corpo de
um suicida dos trilhos e o sangue da vítima atingiu um corte
de sua mão. Já a mulher, Luzia
(nome fictício), 54, diz acreditar ter sido um caso com outra
mulher -ela disse que não se
infectou.
"Eu queria morrer quando
soube que eu tinha Aids." Hoje,
faz tratamento no HC de Ribeirão e trabalha como autônomo.
"Tento conviver com a doença
como se ela não existisse."
(JULIANA COISSI)
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