Ribeirão Preto, Quarta-feira, 26 de Novembro de 2008

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Aids avança entre os idosos na região

Na regional de Ribeirão, casos entre 50 e 54 anos ficam 57% acima do total entre jovens de 20 a 24 anos

DA FOLHA RIBEIRÃO

Taxada no passado como doença de homossexuais e de jovens, a Aids avança na região de Ribeirão Preto entre os mais velhos. O número de novos casos da doença em pessoas na faixa dos 50 anos é 57,89% maior que os registros entre os que têm entre 20 a 24 anos, na fase de plena atividade sexual.
É o que revela levantamento da Secretaria de Estado da Saúde, de 2003 até o primeiro semestre deste ano, entre os quatro DRS (Departamentos Regionais de Saúde) que compõem a região -Ribeirão, Barretos, Franca e Araraquara. Na regional de Ribeirão, foram notificadas 60 casos entre 50 e 54 anos infectadas com o vírus HIV. Entre os que têm de 20 a 24 anos, foram 38 notificações.
Em Barretos, a relação foi de 15 pessoas infectadas entre os mais velhos, contra 10 jovens. Já em Franca, os dois extremos empatam em oito registros. Apenas no DRS de Araraquara há predominância entre jovens: 25 casos, contra 23.
Nas quatro regionais, essa foi a única faixa em que houve alta no total de casos. A região segue tendência do Estado. Só no primeiro trimestre deste ano, a proporção de infectados acima dos 50 anos é de 15%. Em 1998, a proporção era de 4%.
Para a coordenadora estadual de DST/Aids Maria Clara Gianna, falta campanha focada nos idosos. "São pessoas que voltaram a ter vida sexual ativa, mas que se negam a usar camisinha." Gianna também cita o envelhecimento da população.
Para o secretário da Saúde de Ribeirão, Oswaldo Cruz Franco, a oferta nos últimos anos de medicamentos que combatem a impotência reativou a vida sexual na terceira idade, sem a preocupação com doenças. "Os homens passaram a ter mais atividade sexual, se contaminando sem nenhum cuidado."

Cabelos grisalhos
O sorriso largo, a silhueta acima do peso e os cabelos grisalhos tentam esconder uma "vilã" que acompanha Sebastião (nome fictício), 54. Todos os dias, toma um coquetel de remédios. Ele descobriu ter Aids em 1999.
Ex-maquinista de trem, Sebastião disse que se contaminou quando retirava o corpo de um suicida dos trilhos e o sangue da vítima atingiu um corte de sua mão. Já a mulher, Luzia (nome fictício), 54, diz acreditar ter sido um caso com outra mulher -ela disse que não se infectou.
"Eu queria morrer quando soube que eu tinha Aids." Hoje, faz tratamento no HC de Ribeirão e trabalha como autônomo. "Tento conviver com a doença como se ela não existisse."
(JULIANA COISSI)


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