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Comunicador anuncia a própria morte em alto-falante em Nova Europa
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Durante 30 anos, a música
italiana "Il Silenzio" foi a canção de fundo escolhida por
Nelson Fortunato, comunicador de mortes, para anunciar, pelo alto-falante instalado no cinema, mais um falecimento em Nova Europa, cidade de 10.092 habitantes.
Há dez anos, Fortunato
deixou a função pela saúde
frágil. Anteontem, porém, aos
90 anos, voltou ao alto-falante da torre da igreja para
anunciar sua própria morte.
Numa fita cassete, o comunicador havia gravado sua nota fúnebre, divulgada pela rádio. "Estou anunciando o
meu falecimento, falecimento de Nelson Fortunato. Como foi gravado com antecedência, não tenho a hora do
enterro. Mas o importante é
que todos saibam que eu morri", diz a mensagem.
Fortunato projetava filmes
no antigo cinema. Sem rádio
ou jornal, o alto-falante era o
meio de anunciar velórios e
até achados e perdidos. "As
pessoas o procuravam com os
dados do parente falecido para ele anunciar", conta o neto
Eduardo Giro, 37.
Funcionário público, vereador e até vice-prefeito,
Fortunato era católico fervoroso. No Natal, construía no
quintal um presépio com peças em movimento. "Penso
que ele era o MacGyver da
época dele. Com os poucos recursos que tinha, fazia de tudo", disse o radialista Sidnei
Ricardo, 37, que hoje é encarregado dos anúncios.
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