Ribeirão Preto, Terça-feira, 27 de Janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juiz condena garota que simulou ser sequestrada

Ariane Ferreira Borges fugiu e depois pediu R$ 25 mil de resgate ao pai dela

Condenação é para prisão em regime aberto; defesa alegou que crime não se concretizou, já que o valor pedido por ela não foi pago

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

A estudante Ariane Ferreira Borges, 23, foi condenada a quatro anos de prisão pela Justiça de São Carlos, inicialmente em regime aberto, por acusação de ter forjado o próprio sequestro, em 2005, para extorquir dinheiro do pai, um empresário em Jaciara, no Mato Grosso.
Na prisão em regime aberto, a condenada não vai à cadeia, mas, caso saia dos limites da comarca judicial, pode passar a um regime mais severo, como a semiliberdade.
Ariane recebeu do juiz André Luiz de Macedo a pena mínima pelo crime de extorsão, mesmo sem ter recebido a quantia de R$ 25 mil exigida como resgate. Na sentença, o juiz justifica que o crime se consolidou quando a ameaça foi feita, com exigência de dinheiro.
"O crime de extorsão é formal e, portanto, não depende da obtenção da vantagem ilícita, bastando a intenção de obtê-la", diz o juiz em trecho da sentença dada no mês passado, e publicada no último dia 9.
A decisão não levou em conta o fato de o pai da menina, o empresário Paulo Ferreira Borges, ter declarado não se sentir ameaçado com a extorsão. À Justiça, Borges disse que "não acreditou na hipótese do sequestro da filha".
De acordo com o juiz Macedo, apesar de não crer no sequestro, Borges "passou a temer pela integridade" da filha.
A jovem ainda teve a pena atenuada por ser ré primária, ter bons antecedentes, ser menor de 20 anos-tinha 19 na época- e ter confessado o crime. Além de obter o dinheiro, ela esperava se vingar do pai, que não a ajudava financeiramente.
No dia 24 de agosto de 2005, e estudante abandonou seu carro em um estacionamento em Ribeirão Preto, onde morava com a mãe e um irmão, e foi de ônibus para São Carlos. Lá, se hospedou no hotel Malibu, onde usou um computador para mandar uma mensagem ao celular do pai.
"Estou com sua filha, não comunique a polícia e deposite a importância de R$25 mil", dizia o primeiro texto enviado.
Segundo o juiz, o caso ganhou "ares de seriedade" pelo fato de ela ter ido até São Carlos para executar o plano. Além disso, segundo o irmão disse em depoimento, ela não tinha hábito de dormir fora de casa, o que causou temor na família. Sua mãe, segundo os autos, chegou a ser hospitalizada após receber a notícia.
No dia seguinte ao "sumiço", a estudante passou pela rodoviária de São Carlos, jogou seu celular no lixo e foi a uma agência do Banco do Brasil esperar pelo depósito. Lá, foi presa.
A decisão foi tomada em primeira instância e ainda cabe recurso no TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo.
A Folha tentou contato com o advogado Tuffy Rassi Neto, que defendeu Ariane, mas não conseguiu encontrá-lo pelos telefones fixo e celular. Na ação, o advogado argumenta que, como o dinheiro não foi pago, o crime não se concretizou. O pai da menina também não quis falar com a Folha.


Texto Anterior: Chuva causa 7 alagamentos em Ribeirão
Próximo Texto: Polícia: Franca instala sistema com 16 câmeras para vigiar detentos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.