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Juiz condena garota que simulou ser sequestrada
Ariane Ferreira Borges fugiu e depois pediu R$ 25 mil de resgate ao pai dela
Condenação é para prisão em regime aberto; defesa alegou que crime não se concretizou, já que o valor pedido por ela não foi pago
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
A estudante Ariane Ferreira
Borges, 23, foi condenada a
quatro anos de prisão pela Justiça de São Carlos, inicialmente
em regime aberto, por acusação
de ter forjado o próprio sequestro, em 2005, para extorquir dinheiro do pai, um empresário
em Jaciara, no Mato Grosso.
Na prisão em regime aberto,
a condenada não vai à cadeia,
mas, caso saia dos limites da comarca judicial, pode passar a
um regime mais severo, como
a semiliberdade.
Ariane recebeu do juiz André
Luiz de Macedo a pena mínima
pelo crime de extorsão, mesmo
sem ter recebido a quantia de
R$ 25 mil exigida como resgate.
Na sentença, o juiz justifica que
o crime se consolidou quando a
ameaça foi feita, com exigência
de dinheiro.
"O crime de extorsão é formal e, portanto, não depende
da obtenção da vantagem ilícita, bastando a intenção de obtê-la", diz o juiz em trecho da sentença dada no mês passado, e
publicada no último dia 9.
A decisão não levou em conta
o fato de o pai da menina, o empresário Paulo Ferreira Borges,
ter declarado não se sentir
ameaçado com a extorsão. À
Justiça, Borges disse que "não
acreditou na hipótese do sequestro da filha".
De acordo com o juiz Macedo, apesar de não crer no sequestro, Borges "passou a temer pela integridade" da filha.
A jovem ainda teve a pena
atenuada por ser ré primária,
ter bons antecedentes, ser menor de 20 anos-tinha 19 na
época- e ter confessado o crime. Além de obter o dinheiro,
ela esperava se vingar do pai,
que não a ajudava financeiramente.
No dia 24 de agosto de 2005,
e estudante abandonou seu
carro em um estacionamento
em Ribeirão Preto, onde morava com a mãe e um irmão, e foi
de ônibus para São Carlos. Lá,
se hospedou no hotel Malibu,
onde usou um computador para mandar uma mensagem ao
celular do pai.
"Estou com sua filha, não comunique a polícia e deposite a
importância de R$25 mil", dizia o primeiro texto enviado.
Segundo o juiz, o caso ganhou "ares de seriedade" pelo
fato de ela ter ido até São Carlos
para executar o plano. Além
disso, segundo o irmão disse
em depoimento, ela não tinha
hábito de dormir fora de casa, o
que causou temor na família.
Sua mãe, segundo os autos,
chegou a ser hospitalizada após
receber a notícia.
No dia seguinte ao "sumiço",
a estudante passou pela rodoviária de São Carlos, jogou seu
celular no lixo e foi a uma agência do Banco do Brasil esperar
pelo depósito. Lá, foi presa.
A decisão foi tomada em primeira instância e ainda cabe recurso no TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo.
A Folha tentou contato com
o advogado Tuffy Rassi Neto,
que defendeu Ariane, mas não
conseguiu encontrá-lo pelos
telefones fixo e celular. Na
ação, o advogado argumenta
que, como o dinheiro não foi
pago, o crime não se concretizou. O pai da menina também
não quis falar com a Folha.
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