Ribeirão Preto, Sexta-feira, 27 de Março de 2009

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Viações pressionam Dárcy para ter subsídio

Empresas dizem que só ajuda da prefeitura pode evitar ou diminuir reajuste da tarifa de ônibus previsto para maio em Ribeirão

Em dois anos, ônibus perderam 2,8 milhões de passagens pagas; em contrapartida, frota de carros e de motos cresceu

Edson Silva/Folha Imagem
Passageiros em ônibus que circula quase vazio por volta do meio-dia na região central de Ribeirão

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

De um lado, a queda do número de passageiros que usam o transporte coletivo urbano de Ribeirão Preto. De outro, a iminência de um novo reajuste na tarifa do ônibus, que subiu 22% desde junho de 2005.
Este é o cenário do sistema de transporte público do município, que entre 2006 e 2008 perdeu 2,8 milhões de passagens pagas, segundo dados da Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto S.A.).
As empresas permissionárias preparam um novo reajuste para maio e dizem que só um subsídio da prefeitura poderia evitar o aumento ou diminuí-lo.
"Um novo reajuste é inevitável. Tivemos problema com o dólar alto, o preço do pneu e do óleo diesel. Isso sem falar do dissídio da categoria, que ainda vai ocorrer. O transporte coletivo deveria baratear a tarifa, não aumentar. Mas a gente não consegue fazer mágica", disse Carlos Roberto Cherulli, presidente da Transurb (Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Ribeirão Preto).
A solução para congelar a tarifa vem de exemplos de fora. Segundo Cherulli, Ribeirão deve seguir a Prefeitura de São Paulo, que subsidia o valor da passagem. "Há dez anos nós pedimos: a tarifa precisa ser subsidiada. Isso já ocorre em várias cidades da região e do país. Só assim para, pelo menos, segurar o preço da tarifa", disse.

Contenção
Dar subsídios às empresas permissionárias neste momento é algo bastante improvável, disse o superintendente da Transerp, William Latuf, ao sair de uma reunião geral com a prefeita Dárcy Vera (DEM) sobre contenção de gastos na prefeitura.
"Ainda não pensamos em [reajuste de] tarifa, nenhum cálculo foi feito. O subsídio é uma ferramenta mas, pela situação orçamentária da prefeitura, não sei se este ano poderia acontecer", disse.
O único ponto em comum entre empresa de ônibus e a Transerp é a preocupação em relação à queda da demanda de passageiros. Em 2006, foram realizadas 50,6 milhões de viagens, contra 47,7 milhões em 2008, queda de 5,7%. Ao mesmo tempo, cresce o total de usuários não pagantes, como é o caso de idosos e de portadores de deficiência (veja quadro nesta página).
"Quanto menor o número de passageiros, menos pagantes e maior a tarifa. O transporte público tem que ter atratividade para ganhar usuários", comentou Latuf.
Segundo os especialistas, a queda gradativa tem vários motivos. Para José Bernardes Felex, especialista em transporte pela USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos, o ribeirão-pretano se adequou para se locomover pouco. "As pessoas estão se mudando para morar mais perto do trabalho."
Para Latuf, aumentos na tarifa de ônibus motivam a troca de transporte. "Parece pouco, mas o aumento na tarifa reflete muito no bolso do usuário. Ele deixa de usar o transporte para ir a pé, de bicicleta, de carona, ou compra uma moto", disse.
O aumento na frota nos últimos anos comprova a tese. De janeiro de 2006 a dezembro de 2008 a frota de motos subiu 46,4% -de 57.123 para 83.682. O total de veículos também subiu de 263.919 para 335.364 (alta de 27%).


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