Ribeirão Preto, Domingo, 27 de Março de 2011

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PERFIL
JOSÉ ROBERO PEREIRA ALVIM


Mais do que já tenho, é ganância

Vindo de uma família de clásse média baixa de Santa Cruz do Rio Pardo, empresário conta como chegou a Ribeirão, ganhou experiência na construção civil e fundou uma das maiores construtoras do país , bem como sua receita para continuar "engordando o gado"

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Por mais fortes que sejam as bases, toda torre encontra sua altura limite. Do contrário, ela desaba.
Com essa filosofia, o matemático José Roberto Pereira Alvim, 52, criou a construtora que leva seu sobrenome e, atuando em Ribeirão e Araraquara, está entre as maiores do ramo no país.
"Eu poderia ter vendido uma parte da empresa, estar expandindo para todo o país e fazendo a mesma correria que todo mundo está fazendo. Só que não quero ser o maior em nada, mas o melhor em tudo que eu fizer."
Segundo ele, muitas construtoras que "se aventuraram" a estar do Oiapoque ao Chuí quebraram. "Trabalhei para crescer até onde eu posso ver e acompanhar tudo o que está acontecendo. Mais do que eu já tenho, é ganância desnecessária", diz.

LUXO
A Pereira Alvim tem perto de 500 funcionários diretos, aposta no segmento de luxo e vende em Ribeirão apartamentos tão sofisticados quanto os dos Jardins, em São Paulo, mas com algumas diferenças possibilitadas pelo mercado interiorano.
Um imóvel de 142 m2 e três suítes, por exemplo, que Alvim vende a R$ 700 mil em Ribeirão, é achado por até R$ 1,5 milhão na capital.
Empreendimento lançado recentemente pela construtora oferecia 150 flats de 45 m2 cada um por R$ 270 mil. Todos foram vendidos em 48 horas, segundo a empresa.
Os apartamentos mais caros da construtora, os mais luxuosos, chegam a custar R$ 1,2 milhão. A companhia alcança "fácil" um giro anual de, no mínimo, R$ 100 milhões, segundo o dono.
A tese de que "o olho do dono engorda o gado", para Alvim, funciona. Mas ele acrescenta seu próprio mantra: "É preciso confiar conferindo".
É por isso que sai de casa todos os dias por volta das 6h45 e, de calça jeans e botina, vai "correr as obras". São sempre três ou quatro canteiros sendo executados ao mesmo tempo, afirma.

DE TUDO UM POUCO
De família classe média baixa que morou em vila em Santa Cruz do Rio Pardo e 18 anos nas costas, o José Roberto Pereira ainda nem carregava o Alvim no sobrenome quando chegou a Ribeirão Preto, em 1977.
"Na época, me mudei para trabalhar e fazer cursinho. Era meu primeiro emprego em uma construtura e fiz isso a convite da empresa para cavar um conjunto habitacional na cidade", lembra.
A ideia era fazer faculdade de engenharia, mas... "Só tinha curso no período diurno e eu não podia deixar de trabalhar. Então resolvi fazer matemática mesmo", conta.
Na construtora onde começou a carreira, ele fazia "um pouco de tudo". De motorista e peão de obra a encarregado, ficou nela até 1984, quando entrou em outra, já como sócio.

O PATRIMÔNIO
Após ser sócio de duas construtoras, o matemático calculou com antecedência a criação de sua própria empresa. Um dos primeiros passos foi escolher o nome.
"José Roberto Pereira tinha um monte e cada um com um problema diferente. Meu pai era Alvim, mas não colocou o sobrenome em ninguém da família. Então, tive a ideia de buscar esse nome para batizar a empresa."
Quase quatro anos após o processo judicial para acrescentar o sobrenome é que ele deixou a Copema e fundou a Pereira Alvim. A partir de 1994, a empresa iniciou atividades e "o pau comeu", diz.
Apesar dos carros de luxo, dois helicópteros (o mais caro custou US$ 3 milhões), fazendas e o apartamento de luxo onde mora em um dos prédios que construiu, o empresário diz que seu maior patrimônio veio do berço.
"Eu já nasci rico! Sempre tive saúde e vontade de trabalhar. O resto foi consequência e o dinheiro é uma responsabilidade que vem nesse processo."


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