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Sertãozinho tenta barrar o efeito "Califórnia brasileira"
Maior produtora de açúcar e álcool, cidade tenta evitar o crescimento desordenado
Autoridades temem que exposição na mídia traga problemas sociais ao município; Orçamento quadruplicou em 9 anos
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Potência econômica regional, maior produtor de açúcar e
álcool do Brasil, com um Orçamento que quadruplicou em
nove anos (de R$ 57 milhões
em 2000 para 217 milhões em
2009) e um aumento de 42%
nos empregos nos últimos dois
anos, Sertãozinho luta para
barrar o chamado "efeito Califórnia brasileira".
Traduzindo: em meio a tantos atrativos, a cidade se esforça para evitar uma migração
desordenada, gerando um desenvolvimento social e urbano
igualmente desordenado, exatamente como ocorreu em Ribeirão Preto, que ganhou o apelido de "Califórnia brasileira",
no final da década de 80.
"No ano passado, o "Globo
Repórter" fez uma reportagem
muito forte mostrando que, em
Sertãozinho, há vagas sobrando. No dia seguinte, choveu e-mail do país inteiro oferecendo
currículos", disse o prefeito Zezinho Gimenez (sem partido),
que deixa o governo após oito
anos e dá lugar a seu vice, Nério
Garcia da Costa (PPS), eleito no
último dia 5.
"Eu acredito que isso [exposição da cidade na mídia] pode
trazer fatos negativos", disse
Paulo Andruciolli, presidente
da ACI de Sertãozinho.
O presidente do Ceise-BR
(Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e
Energético) concorda. "Sertãozinho foi exposta como "cidade
das maravilhas", com fartura
de vagas. Isso pode gerar crescimento desodernado."
Outro termômetro do bom
momento que a cidade vive é o
índice de reajuste salarial reivindicado pelos metalúrgicos
da cidade: 20%. "A gente vê as
indústrias da cidade crescendo
cada vez mais. Queremos que
esse crescimento também seja
repassado aos trabalhadores",
disse Élio Cândido, presidente
do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ribeirão
Preto e Região, que representa
13 mil trabalhadores do setor
em Sertãozinho.
Uma medida adotada para
segurar esse crescimento foi
tomada já em 2005: a cidade tinha, então, três favelas, concentrando 600 famílias. "Solucionamos esse problema com
um projeto de urbanização",
disse o atual prefeito.
"Não temos favelas. Temos
um aglomerado de pessoas que
provoca os bolsões da periferia", disse a secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania, Neide Bernardo Anceschi.
"Não sei se seria uma Califórnia brasileira, mas essa atração
de possibilidades de trabalho
provoca um crescimento desordenado, pois, às vezes, as
pessoas que chegam em busca
de emprego não têm a qualificação que o mercado exige."
Na opinião do prefeito eleito,
a solução para evitar um acúmulo de problemas sociais é a
qualificação dos trabalhadores.
"Precisamos nos estruturar,
nos preparar, pois vamos viver
um processo de mecanização
até 2012. Até lá, teremos que
qualificar esses trabalhadores
da cana. Esta é uma questão
que tem nos preocupado."
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