Ribeirão Preto, Segunda-feira, 27 de Outubro de 2008

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Sertãozinho tenta barrar o efeito "Califórnia brasileira"

Maior produtora de açúcar e álcool, cidade tenta evitar o crescimento desordenado

Autoridades temem que exposição na mídia traga problemas sociais ao município; Orçamento quadruplicou em 9 anos


LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Potência econômica regional, maior produtor de açúcar e álcool do Brasil, com um Orçamento que quadruplicou em nove anos (de R$ 57 milhões em 2000 para 217 milhões em 2009) e um aumento de 42% nos empregos nos últimos dois anos, Sertãozinho luta para barrar o chamado "efeito Califórnia brasileira".
Traduzindo: em meio a tantos atrativos, a cidade se esforça para evitar uma migração desordenada, gerando um desenvolvimento social e urbano igualmente desordenado, exatamente como ocorreu em Ribeirão Preto, que ganhou o apelido de "Califórnia brasileira", no final da década de 80.
"No ano passado, o "Globo Repórter" fez uma reportagem muito forte mostrando que, em Sertãozinho, há vagas sobrando. No dia seguinte, choveu e-mail do país inteiro oferecendo currículos", disse o prefeito Zezinho Gimenez (sem partido), que deixa o governo após oito anos e dá lugar a seu vice, Nério Garcia da Costa (PPS), eleito no último dia 5.
"Eu acredito que isso [exposição da cidade na mídia] pode trazer fatos negativos", disse Paulo Andruciolli, presidente da ACI de Sertãozinho.
O presidente do Ceise-BR (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético) concorda. "Sertãozinho foi exposta como "cidade das maravilhas", com fartura de vagas. Isso pode gerar crescimento desodernado."
Outro termômetro do bom momento que a cidade vive é o índice de reajuste salarial reivindicado pelos metalúrgicos da cidade: 20%. "A gente vê as indústrias da cidade crescendo cada vez mais. Queremos que esse crescimento também seja repassado aos trabalhadores", disse Élio Cândido, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ribeirão Preto e Região, que representa 13 mil trabalhadores do setor em Sertãozinho.
Uma medida adotada para segurar esse crescimento foi tomada já em 2005: a cidade tinha, então, três favelas, concentrando 600 famílias. "Solucionamos esse problema com um projeto de urbanização", disse o atual prefeito.
"Não temos favelas. Temos um aglomerado de pessoas que provoca os bolsões da periferia", disse a secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania, Neide Bernardo Anceschi. "Não sei se seria uma Califórnia brasileira, mas essa atração de possibilidades de trabalho provoca um crescimento desordenado, pois, às vezes, as pessoas que chegam em busca de emprego não têm a qualificação que o mercado exige."
Na opinião do prefeito eleito, a solução para evitar um acúmulo de problemas sociais é a qualificação dos trabalhadores. "Precisamos nos estruturar, nos preparar, pois vamos viver um processo de mecanização até 2012. Até lá, teremos que qualificar esses trabalhadores da cana. Esta é uma questão que tem nos preocupado."


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