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Pastoral compila em livro o dia
a dia dos boias-frias da região
Entidade ouviu queixas e histórias de 300 trabalhadores entre 2007 e 2009
DA FOLHA RIBEIRÃO
"Hoje cortei cana o dia todo,
não parei para almoçar. Trouxe
de volta a comida que levei para
minha mulher requentar pra
janta. Já emagreci dois quilos,
não tenho mais apetite."
O relato acima é de um cortador de cana da região de Ribeirão Preto. Dificuldades do trabalho, os baixos salários, a
preocupação com a família, as
saudades da terra natal: estes
são alguns dos pontos em comum de cerca de 300 trabalhadores rurais que foram ouvidos
pela Pastoral do Migrante, em
Guariba, entre 2007 e 2009.
Sem nomes nem rostos, eles
contam suas histórias, angústias e aflições em um livro intitulado "Vozes do Eito", que será lançado no próximo mês.
"São depoimentos sobre o dia
a dia no corte da cana. O objetivo foi divulgar as vozes dessas
pessoas, tornar visível para a
sociedade o que eles não podem
expressar", diz a coordenadora
da pastoral, irmã Inês Facioli.
Entre os temas comuns, está
o relato do cansaço e a preocupação com o sustento da família. "No sábado, cortei cana
pensando no dinheiro que preciso para pagar minhas contas
do aluguel, do mercado e para
enviar para a minha família no
Maranhão. Preciso chegar nos
R$ 500 por quinzena. Trabalhei tão pesado que quando
cheguei em casa fui direto pra
cama, não fiz janta nem comi
nada", diz um dos cortadores.
O livro tem 80 páginas e traz
anexos com dados da cana-de-açúcar na região.
(LIGIA SOTRATTI)
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