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Serra critica economia e faz "média" com calçadistas
Governador não comentou tumulto em São Paulo entre professores e a polícia
Tucano assinou o contrato de obras para captação e tratamento de água do rio Sapucaí, que vai abastecer
o município e Restinga
VERIDIANA RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A FRANCA
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), aproveitou
a visita que fez a Franca anteontem à noite para fazer "média" com o setor calçadista, que
tem na cidade o seu principal
polo de produção de calçados
masculinos. Ao ganhar do deputado estadual Gilson de Souza (DEM) um par de sapatos de
couro de carneiro, Serra calçou
o presente no palanque, "tomou" o microfone do parlamentar e lançou um gracejo.
"Desinibidamente eu aceito
[os sapatos]. Todos os meus sapatos são de Franca", disse.
Durante o discurso, o governador aproveitou o mesmo mote para fazer a única crítica direta ao governo federal. "A indústria de Franca tem sido prejudicada por causa da política
macroeconômica do Brasil, que
combina juros adversos e câmbio adverso que prejudicam a
exportação e favorecem a importação", afirmou.
Serra esteve em Franca, município governado pelo PSDB,
para assinar o contrato do primeiro lote de obras do Sistema
Sapucaí, para captação e tratamento de água do rio Sapucaí-Mirim, que vai abastecer a cidade e a vizinha Restinga. As
obras, orçadas em R$ 154 milhões, serão financiadas pela
Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo).
Durante a cerimônia de assinatura do contrato, que durou
cerca de meia hora, Serra procurou sorrir durante a maior
parte do tempo, embora do lado de fora da sede da Sabesp,
onde estava o governador, houvesse pelo menos 30 manifestantes ligados à Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo) com
apitos e faixas e um caminhão
de som.
Professores da rede estadual
estão em greve desde o último
dia 8, reivindicando 34,5% de
reposição salarial. Anteontem,
na capital, durante a manifestação da categoria nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, pelo
menos 16 pessoas, incluindo
sete policiais, ficaram feridas
em confronto com a PM (Polícia Militar).
O governador, no entanto, se
recusou a responder perguntas
da Folha sobre o enfrentamento em três ocasiões.
Ao ser questionado pela primeira vez sobre os protestos
em São Paulo, Serra respondeu: "vocês não querem falar
sobre a água aqui?". A reportagem insistiu e uma das assessoras do governador interrompeu a pergunta em voz alta, determinando: "vamos falar um
pouquinho da água aqui".
Ainda assim, o governador
teve que enfrentar uma manifestação silenciosa de 13 professores da rede estadual que
entraram no ginásio da Sabesp.
Enquanto Serra discursava,
eles levantaram, deram-se as
mãos e viraram as costas para o
governador.
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