Ribeirão Preto, Domingo, 28 de Março de 2010

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Serra critica economia e faz "média" com calçadistas

Governador não comentou tumulto em São Paulo entre professores e a polícia

Tucano assinou o contrato de obras para captação e tratamento de água do rio Sapucaí, que vai abastecer o município e Restinga

VERIDIANA RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A FRANCA

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), aproveitou a visita que fez a Franca anteontem à noite para fazer "média" com o setor calçadista, que tem na cidade o seu principal polo de produção de calçados masculinos. Ao ganhar do deputado estadual Gilson de Souza (DEM) um par de sapatos de couro de carneiro, Serra calçou o presente no palanque, "tomou" o microfone do parlamentar e lançou um gracejo.
"Desinibidamente eu aceito [os sapatos]. Todos os meus sapatos são de Franca", disse.
Durante o discurso, o governador aproveitou o mesmo mote para fazer a única crítica direta ao governo federal. "A indústria de Franca tem sido prejudicada por causa da política macroeconômica do Brasil, que combina juros adversos e câmbio adverso que prejudicam a exportação e favorecem a importação", afirmou.
Serra esteve em Franca, município governado pelo PSDB, para assinar o contrato do primeiro lote de obras do Sistema Sapucaí, para captação e tratamento de água do rio Sapucaí-Mirim, que vai abastecer a cidade e a vizinha Restinga. As obras, orçadas em R$ 154 milhões, serão financiadas pela Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo).
Durante a cerimônia de assinatura do contrato, que durou cerca de meia hora, Serra procurou sorrir durante a maior parte do tempo, embora do lado de fora da sede da Sabesp, onde estava o governador, houvesse pelo menos 30 manifestantes ligados à Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo) com apitos e faixas e um caminhão de som.
Professores da rede estadual estão em greve desde o último dia 8, reivindicando 34,5% de reposição salarial. Anteontem, na capital, durante a manifestação da categoria nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, pelo menos 16 pessoas, incluindo sete policiais, ficaram feridas em confronto com a PM (Polícia Militar).
O governador, no entanto, se recusou a responder perguntas da Folha sobre o enfrentamento em três ocasiões.
Ao ser questionado pela primeira vez sobre os protestos em São Paulo, Serra respondeu: "vocês não querem falar sobre a água aqui?". A reportagem insistiu e uma das assessoras do governador interrompeu a pergunta em voz alta, determinando: "vamos falar um pouquinho da água aqui".
Ainda assim, o governador teve que enfrentar uma manifestação silenciosa de 13 professores da rede estadual que entraram no ginásio da Sabesp. Enquanto Serra discursava, eles levantaram, deram-se as mãos e viraram as costas para o governador.


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