Ribeirão Preto, Domingo, 28 de Março de 2010

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Cresce nº de casos de abuso em Araraquara

Somente no ano passado foram registradas pelo Creas 144 notificações, média de 12 casos por mês

DA FOLHA RIBEIRÃO

"Ela veio chorando e me falou: "Papai, preciso te contar uma coisa que você vai ficar bravo". Sentou e me contou que o marido da babá tinha mexido com ela algumas vezes." Abalado, José (nome fictício), 34, conta como a filha de seis anos foi vítima de abuso em 2007 pelo marido da babá da menina.
O caso, que aconteceu em Araraquara, faz parte da estatística de denúncias de violência contra crianças e adolescentes, que teve 394 registros entre 2006 e 2009.
Somente no ano passado foram 144 -média de 12 casos por mês, número que cresceu neste ano. Em janeiro, foram 28 denúncias, segundo levantamento do Creas (Centro de Referência Especial de Assistência Social) Girassóis, órgão do governo federal que trabalha no combate à violação dos direitos de crianças e adolescentes e dá assistência às famílias.
Desde o ano passado, quando José descobriu o caso de abuso da filha, a família é atendida em atividades e por profissionais do Creas. "É uma marca muito forte para a família e é difícil ter "alta". É preciso fazer o acompanhamento, trabalhar a criança em oficinas e também os pais", diz a assistente social do Creas, Maria Conceição Braga.
A revelação da garota ao pai ocorreu um ano após os abusos e, desde então, ele e a menina vão ao psicólogo. "Não me esqueço do dia em que ela me contou, é uma dor muito forte e, para superar, só com apoio emocional", afirmou.
De acordo com os dados, 67% dos registros são relativos a abuso sexual e, ao contrário do caso da garota de seis anos, acontecem dentro de casa.
"É pai, padrasto ou membros da família, como um tio ou avô. Dos casos de abuso, 58% acontecem onde a criança mora", disse a coordenadora da Secretaria da Assistência Social, Regina Beretta. Segundo ela, o aumento do número de denúncias é decorrente da maior divulgação do problema e de como ele deve ser abordado.
"No ano passado, trabalhamos com capacitação em toda a rede de atendimento à criança, de escolas a postos de saúde, para que essas pessoas saibam identificar", disse Beretta.
Para a assistente social do Creas, o disque-denúncia, projeto nacional lançado em fevereiro, deve fazer crescer o total de notificações. (LIGIA SOTRATTI)


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