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Cresce nº de casos de abuso em Araraquara
Somente no ano passado foram registradas pelo Creas 144 notificações, média de 12 casos por mês
DA FOLHA RIBEIRÃO
"Ela veio chorando e me falou: "Papai, preciso te contar
uma coisa que você vai ficar
bravo". Sentou e me contou que
o marido da babá tinha mexido
com ela algumas vezes." Abalado, José (nome fictício), 34,
conta como a filha de seis anos
foi vítima de abuso em 2007 pelo marido da babá da menina.
O caso, que aconteceu em
Araraquara, faz parte da estatística de denúncias de violência contra crianças e adolescentes, que teve 394 registros entre
2006 e 2009.
Somente no ano passado foram 144 -média de 12 casos
por mês, número que cresceu
neste ano. Em janeiro, foram
28 denúncias, segundo levantamento do Creas (Centro de Referência Especial de Assistência Social) Girassóis, órgão do
governo federal que trabalha
no combate à violação dos direitos de crianças e adolescentes e dá assistência às famílias.
Desde o ano passado, quando
José descobriu o caso de abuso
da filha, a família é atendida em
atividades e por profissionais
do Creas. "É uma marca muito
forte para a família e é difícil ter
"alta". É preciso fazer o acompanhamento, trabalhar a criança
em oficinas e também os pais",
diz a assistente social do Creas,
Maria Conceição Braga.
A revelação da garota ao pai
ocorreu um ano após os abusos
e, desde então, ele e a menina
vão ao psicólogo. "Não me esqueço do dia em que ela me
contou, é uma dor muito forte
e, para superar, só com apoio
emocional", afirmou.
De acordo com os dados, 67%
dos registros são relativos a
abuso sexual e, ao contrário do
caso da garota de seis anos,
acontecem dentro de casa.
"É pai, padrasto ou membros
da família, como um tio ou avô.
Dos casos de abuso, 58% acontecem onde a criança mora",
disse a coordenadora da Secretaria da Assistência Social, Regina Beretta. Segundo ela, o aumento do número de denúncias é decorrente da maior divulgação do problema e de como ele deve ser abordado.
"No ano passado, trabalhamos com capacitação em toda a
rede de atendimento à criança,
de escolas a postos de saúde,
para que essas pessoas saibam
identificar", disse Beretta.
Para a assistente social do
Creas, o disque-denúncia, projeto nacional lançado em fevereiro, deve fazer crescer o total
de notificações.
(LIGIA SOTRATTI)
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