Ribeirão Preto, Segunda-feira, 28 de Setembro de 2009

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Calçado de Franca fecha ano "no vermelho"

Mesmo com sinais de melhora e sobretaxação ao calçado chinês, sindicato e empresários preveem queda na produção

Mercado interno não compensou a queda nas exportações e real valorizado também prejudica as vendas


Edson Silva - 10.jul.09/Folha Imagem
Funcionários trabalham em linha de produção de calçados masculinos da Rota Norte, em Franca

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Nem mesmo a sobretaxação provisória aplicada ao sapato chinês e o anunciado fim da crise na economia mundial vão salvar o polo calçadista de Franca, que fechará o ano "no vermelho" no total de pares produzidos, no volume exportado e até mesmo nas vendas ao mercado interno.
Dados do Sindifranca (Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca) mostram que, de janeiro a agosto, o total de pares exportados caiu 35,4% em relação ao mesmo período de 2008. O mercado interno, que poderia absorver o excedente, não fará isso, segundo José Carlos Brigagão do Couto, presidente do sindicato.
No ano passado, Franca vendeu 24,2 milhões de pares de calçados para o mercado interno. Neste ano, a projeção é que a marca dificilmente passe de 20 milhões. "Há uma defasagem no setor que o mercado interno não vai compensar, não vai absorver as exportações que deixaram de acontecer", disse.
Com isso, a produção total de calçados em Franca também deve cair bastante em relação a 2008. No ano passado, a cidade, que tem capacidade instalada para produzir 37,2 milhões de pares, confeccionou e vendeu 28,6 milhões. Neste ano, caso as projeções sejam confirmadas, a produção total (com exportações) deve ficar em torno de 23 milhões de pares.
O valor do dólar, hoje cotado a R$ 1,79, é outro fator que determinou a queda nas exportações. "O dólar ideal, para o mercado calçadista, seria R$ 2,20. Estamos longe disso. A moeda vem caindo desde o início do ano", disse Brigagão.
De acordo com Élcio Jacometti, ex-presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), 2009 é um ano para ser esquecido. "Ainda sentimos resquício enorme da crise. Desde o final de 2008, as quedas, tanto na produção quanto nas vendas, foram altas", disse Jacometti, que acredita em melhoras, mas só em 2010. "O mercado é sábio, vai agir na hora certa", diz.
Os empresários do setor concordam, e também esperam fôlego novo a partir de 2010.
O antidumping aplicado ao produto chinês, definido no início do mês pela Camex (Câmara de Comércio Exterior), terá validade de seis meses, mas o processo que definirá a alíquota definitiva deve acabar antes. Brigagão disse que o setor brigará por um protecionismo maior -pede taxação de US$ 25 por par de sapato, quase o dobro dos US$ 12,47 atuais.


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