Ribeirão Preto, Quarta-feira, 28 de Outubro de 2009

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Livro único engessa a rede, afirma docente

DA FOLHA RIBEIRÃO

Obrigar todas as escolas estaduais a utilizarem a mesma apostila acaba por controlar e padronizar as unidades, sem respeitar a autonomia e as diferentes realidades. A opinião é da professora Bianca Correa, docente do curso de Pedagogia da USP de Ribeirão.
Correa disse que a criação de livros próprios pelo Estado é um retrocesso por já existir o Programa Nacional do Livro Didático.
Implantado pelo governo federal, o programa oferece a cada ano às escolas opções de livros já avaliados pelo Ministério da Educação. O objetivo é que cada uma escolha seu material de acordo com o perfil e as necessidades dos alunos.
Correa disse que o conteúdo das apostilas distribuídas pelo Estado está ora abaixo do conhecimento dos alunos, ora muito acima. "O Estado preparou esse material e não respeitou a opinião da rede. É muito um receituário, um controle demasiado do trabalho do professor", afirmou Correa.
Segundo a docente, há uma orientação severa do Estado a coordenadores pedagógicos para que consigam que os professores de fato utilizem as apostilas como principal material pedagógico. "E esse material está amarrado com o conteúdo que cairá no Saresp [exame feito pelos alunos da rede pública]. Sabendo disso, o professor acaba usando."
Romualdo Portela de Oliveira, especialista em políticas educacionais da USP de São Paulo, concorda que há um desperdício de recursos público na elaboração de apostilas pelo Estado. "Vejo um problema de incoerência, uma vez que já tem o programa, e você gasta duas vezes. E um outro de planejamento, porque se houve sobra e descarte, é desperdício do dinheiro público", disse.
Na opinião de Oliveira, as apostilas preparadas pelo Estado "são mais diretivas, com uma proposta de controle maior do trabalho do professor". Ele afirma que elas foram elaboradas em função de um diagnóstico negativo que o Estado faz, de uma maneira geral, da qualidade do seu professor.


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