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Livro único engessa a rede, afirma docente
DA FOLHA RIBEIRÃO
Obrigar todas as escolas estaduais a utilizarem a mesma
apostila acaba por controlar e
padronizar as unidades, sem
respeitar a autonomia e as diferentes realidades. A opinião é
da professora Bianca Correa,
docente do curso de Pedagogia
da USP de Ribeirão.
Correa disse que a criação de
livros próprios pelo Estado é
um retrocesso por já existir o
Programa Nacional do Livro
Didático.
Implantado pelo governo federal, o programa oferece a cada ano às escolas opções de livros já avaliados pelo Ministério da Educação. O objetivo é
que cada uma escolha seu material de acordo com o perfil e
as necessidades dos alunos.
Correa disse que o conteúdo
das apostilas distribuídas pelo
Estado está ora abaixo do conhecimento dos alunos, ora
muito acima. "O Estado preparou esse material e não respeitou a opinião da rede. É muito
um receituário, um controle
demasiado do trabalho do professor", afirmou Correa.
Segundo a docente, há uma
orientação severa do Estado a
coordenadores pedagógicos
para que consigam que os professores de fato utilizem as
apostilas como principal material pedagógico. "E esse material está amarrado com o conteúdo que cairá no Saresp [exame feito pelos alunos da rede
pública]. Sabendo disso, o professor acaba usando."
Romualdo Portela de Oliveira, especialista em políticas
educacionais da USP de São
Paulo, concorda que há um desperdício de recursos público na
elaboração de apostilas pelo
Estado. "Vejo um problema de
incoerência, uma vez que já
tem o programa, e você gasta
duas vezes. E um outro de planejamento, porque se houve
sobra e descarte, é desperdício
do dinheiro público", disse.
Na opinião de Oliveira, as
apostilas preparadas pelo Estado "são mais diretivas, com
uma proposta de controle
maior do trabalho do professor". Ele afirma que elas foram
elaboradas em função de um
diagnóstico negativo que o Estado faz, de uma maneira geral,
da qualidade do seu professor.
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