Ribeirão Preto, Domingo, 28 de Dezembro de 2008

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Após 4 mandatos, Edinho se dedica ao PT

Duas vezes vereador e duas vezes prefeito de Araraquara, ele diz que ajudará partido a se preparar para a eleição de 2010

Para Edinho, PT não deve se preocupar em fazer oposição a Barbieri, que ele considera preparado para fazer uma boa gestão

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Depois dois mandatos como vereador e mais dois como prefeito, Edinho Silva (PT), que passa o cargo a Marcelo Barbieri (PMDB) no dia 1º de janeiro, se prepara para focar sua carreira política no cargo de presidente estadual do PT, cargo que ocupa até o fim de 2009. Em entrevista à Folha, Edinho afirma que não deixa dívidas, garante que vai apoiar seu sucessor e admite que a intervenção na Santa Casa foi o que mais lhe desagradou em seu governo. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

 

FOLHA - Qual foi seu arrependimento nestes oito anos?
EDINHO SILVA
- O maior foi a intervenção na Santa Casa, que se eu pudesse, não faria. Na época o Ministério Público propôs um acordo: a prefeitura fazia intervenção amigável e eles não entravam com pedido judicial.
Mas a intervenção foi difícil, principalmente porque consumiu boa parte do orçamento da saúde.

FOLHA - A transição para o Marcelo Barbieri está sendo tranqüila. Há algum acordo?
EDINHO
- É tão importante o jeito de sair quanto o jeito de entrar. Não tenho porque não repassar informações, não abrir secretarias, não abrir números, até porque, se eu não fizer isso, quem vai sofrer é a população.

FOLHA - Se o PT não tivesse lançado candidatura, o Barbieri seria o seu candidato?
EDINHO
- É muito difícil, com oito anos de mandato, você não lançar uma candidatura. Agora, não significa que, porque nós disputamos uma eleição, que tenhamos de ser inimigos.
Acho que isso não tem que significar ruptura, rompimento e falta de diálogo político. Eleição passa e a vida continua. Eu não tive transição assim. Fiz uma reunião com o ex-prefeito [Waldemar de Santi, do PP] no dia 31 de dezembro, uma conversa de 40 minutos, e assumi no outro dia.

FOLHA - Qual o tamanho da dívida de Araraquara hoje?
EDINHO
- Não tem dívida. Vai ficar para ele [Barbieri] pagar uns R$ 6 milhões de despesa corrente, de despesa continuada, que é lixo, praça, merenda escolar, essas coisas que não tem como deixar pago. A única coisa que tem, hoje, é o restante dos pavilhões da Facira, que não chega a R$ 1 milhão. Nós compramos e parcelamos.

FOLHA - Quando você assumiu, tinha alguma coisa?
EDINHO
- Nada também. Até o valor era parecido.

FOLHA - De obras, o que o senhor deixa para a nova gestão?
EDINHO
- Estou deixando R$ 5 milhões para pavimentação asfáltica, R$ 1,5 milhão de asfalto, 800 casas populares, 400 delas em fase de construção e o resto para começar, mais 170 casas que serão construídas por mutirão. Além disso, deixo mais 22 obras que eu comecei, mas ele vai terminar. Fora a obra dos trilhos [recuperação do contorno ferroviário]. Tem ainda o novo estádio da Ferroviária que ele [Barbieri] vai inaugurar.

FOLHA - E qual será seu futuro?
EDINHO
- Tenho uma tarefa imensa pela frente, que é ser presidente estadual do PT. E não é pouca coisa. Esse ano eu me sobrecarreguei, pois durante a semana era prefeito e nos finais de semana, presidente do PT. Agora vou ter mais tempo para me dedicar. Tenho mandato até dezembro de 2009 e direito a mais um ano de reeleição. Depois, em relação às eleições de 2010, vamos aguardar um pouco. Sobre sair candidato a deputado federal, vou ser muito sincero, ainda não tenho esta pretensão.

FOLHA - Quem vai ser o candidato do PT ao governo estadual?
EDINHO
- Acho que o partido tem vários nomes. Eu procurei todos os cotados e pedi a eles que não coloquem o nome no começo de 2009.

FOLHA - O PT carece de alguém para o seu lugar na cidade?
EDINHO
- Acho que não. Em Araraquara, ganhamos a eleição numa surpresa em 2000. Eu era um vereador que, numa conjuntura favorável, ganhou a eleição. Estamos construindo a liderança da Edna [Martins, derrotada em outubro]. Ela perdeu também por uma conjuntura de fatores. Afinal de contas, disputou com um deputado federal com 14 anos de mandato. Lógico que cometemos erros, mas a Edna foi deputada estadual, vereadora mais votada, presidente da Câmara...enfim, ela vinha com bagagem para ser prefeita. Muito mais que eu, quando disputei em 2000.

FOLHA - O PT em Araraquara se imagina voltando ao poder em quatro ou oito anos?
EDINHO
- Não temos que ter esta preocupação. Aliás, acho que, se tivermos, é um erro. Temos experiências administrativas, temos políticas públicas vitoriosas, nós conseguimos dialogar com setores sociais que o PT não havia dialogado antes. Acho que temos que nos preocupar em cuidar disso. Sou contra o partido se declarar oposição ao Marcelo Barbieri.

FOLHA - Como você acha que Barbieri vai se sair?
EDINHO
- Estamos falando de uma liderança que foi deputado por 14 anos, sempre teve papel importante das comissões permanentes. Acho que o Marcelo tem tudo para fazer um bom governo. Talvez a maior dificuldade vai ser lidar com a pressão da elite que o PT deslocou enquanto governou. Esta elite vai tentar se sentir contemplada, disputar o governo dele. O tempo vai dizer como ele vai se portar sobre isso.

FOLHA - Acha que ele terá o mesmo trânsito em Brasília?
EDINHO
- Tem tudo para ter, porque além de deputado federal, ele trabalhou no governo Lula. Foi membro da equipe do ministro José Dirceu, na Casa Civil.


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