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Após 4 mandatos, Edinho se dedica ao PT
Duas vezes vereador e duas vezes prefeito de Araraquara, ele diz que ajudará partido a se preparar para a eleição de 2010
Para Edinho, PT não deve se preocupar em fazer oposição a Barbieri, que ele considera preparado para fazer uma boa gestão
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Depois dois mandatos como
vereador e mais dois como prefeito, Edinho Silva (PT), que
passa o cargo a Marcelo Barbieri (PMDB) no dia 1º de janeiro,
se prepara para focar sua carreira política no cargo de presidente estadual do PT, cargo que
ocupa até o fim de 2009.
Em entrevista à Folha, Edinho afirma que não deixa dívidas, garante que vai apoiar seu
sucessor e admite que a intervenção na Santa Casa foi o que
mais lhe desagradou em seu
governo. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.
FOLHA - Qual foi seu arrependimento nestes oito anos?
EDINHO SILVA - O maior foi a intervenção na Santa Casa, que se
eu pudesse, não faria. Na época
o Ministério Público propôs
um acordo: a prefeitura fazia
intervenção amigável e eles não
entravam com pedido judicial.
Mas a intervenção foi difícil,
principalmente porque consumiu boa parte do orçamento da
saúde.
FOLHA - A transição para o Marcelo
Barbieri está sendo tranqüila. Há algum acordo?
EDINHO - É tão importante o
jeito de sair quanto o jeito de
entrar. Não tenho porque não
repassar informações, não
abrir secretarias, não abrir números, até porque, se eu não fizer isso, quem vai sofrer é a população.
FOLHA - Se o PT não tivesse lançado
candidatura, o Barbieri seria o seu
candidato?
EDINHO - É muito difícil, com
oito anos de mandato, você não
lançar uma candidatura. Agora,
não significa que, porque nós
disputamos uma eleição, que
tenhamos de ser inimigos.
Acho que isso não tem que significar ruptura, rompimento e
falta de diálogo político. Eleição passa e a vida continua. Eu
não tive transição assim. Fiz
uma reunião com o ex-prefeito
[Waldemar de Santi, do PP] no
dia 31 de dezembro, uma conversa de 40 minutos, e assumi
no outro dia.
FOLHA - Qual o tamanho da dívida
de Araraquara hoje?
EDINHO - Não tem dívida. Vai ficar para ele [Barbieri] pagar
uns R$ 6 milhões de despesa
corrente, de despesa continuada, que é lixo, praça, merenda
escolar, essas coisas que não
tem como deixar pago. A única
coisa que tem, hoje, é o restante
dos pavilhões da Facira, que
não chega a R$ 1 milhão. Nós
compramos e parcelamos.
FOLHA - Quando você assumiu, tinha alguma coisa?
EDINHO - Nada também. Até o
valor era parecido.
FOLHA - De obras, o que o senhor
deixa para a nova gestão?
EDINHO - Estou deixando R$ 5
milhões para pavimentação asfáltica, R$ 1,5 milhão de asfalto,
800 casas populares, 400 delas
em fase de construção e o resto
para começar, mais 170 casas
que serão construídas por mutirão. Além disso, deixo mais 22
obras que eu comecei, mas ele
vai terminar. Fora a obra dos
trilhos [recuperação do contorno ferroviário]. Tem ainda o
novo estádio da Ferroviária que
ele [Barbieri] vai inaugurar.
FOLHA - E qual será seu futuro?
EDINHO - Tenho uma tarefa
imensa pela frente, que é ser
presidente estadual do PT. E
não é pouca coisa. Esse ano eu
me sobrecarreguei, pois durante a semana era prefeito e nos
finais de semana, presidente do
PT. Agora vou ter mais tempo
para me dedicar. Tenho mandato até dezembro de 2009 e
direito a mais um ano de reeleição. Depois, em relação às eleições de 2010, vamos aguardar
um pouco. Sobre sair candidato
a deputado federal, vou ser
muito sincero, ainda não tenho
esta pretensão.
FOLHA - Quem vai ser o candidato
do PT ao governo estadual?
EDINHO - Acho que o partido
tem vários nomes. Eu procurei
todos os cotados e pedi a eles
que não coloquem o nome no
começo de 2009.
FOLHA - O PT carece de alguém para o seu lugar na cidade?
EDINHO - Acho que não. Em
Araraquara, ganhamos a eleição numa surpresa em 2000.
Eu era um vereador que, numa
conjuntura favorável, ganhou a
eleição. Estamos construindo a
liderança da Edna [Martins,
derrotada em outubro]. Ela
perdeu também por uma conjuntura de fatores. Afinal de
contas, disputou com um deputado federal com 14 anos de
mandato. Lógico que cometemos erros, mas a Edna foi deputada estadual, vereadora
mais votada, presidente da Câmara...enfim, ela vinha com bagagem para ser prefeita. Muito
mais que eu, quando disputei
em 2000.
FOLHA - O PT em Araraquara se
imagina voltando ao poder em quatro ou oito anos?
EDINHO - Não temos que ter esta preocupação. Aliás, acho
que, se tivermos, é um erro. Temos experiências administrativas, temos políticas públicas vitoriosas, nós conseguimos dialogar com setores sociais que o
PT não havia dialogado antes.
Acho que temos que nos preocupar em cuidar disso. Sou contra o partido se declarar oposição ao Marcelo Barbieri.
FOLHA - Como você acha que Barbieri vai se sair?
EDINHO - Estamos falando de
uma liderança que foi deputado
por 14 anos, sempre teve papel
importante das comissões permanentes. Acho que o Marcelo
tem tudo para fazer um bom
governo. Talvez a maior dificuldade vai ser lidar com a pressão
da elite que o PT deslocou enquanto governou. Esta elite vai
tentar se sentir contemplada,
disputar o governo dele. O tempo vai dizer como ele vai se portar sobre isso.
FOLHA - Acha que ele terá o mesmo
trânsito em Brasília?
EDINHO - Tem tudo para ter,
porque além de deputado federal, ele trabalhou no governo
Lula. Foi membro da equipe do
ministro José Dirceu, na Casa
Civil.
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