Ribeirão Preto, Domingo, 29 de Março de 2009

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1 em cada 4 ribeirão-pretanos é fumante

Índice é superior à média nacional, segundo pesquisa inédita do Datafolha encomendada pelo HC de Ribeirão Preto

Levantamento mostra ainda que, em média, cada um dos fumantes de Ribeirão Preto consome diariamente 17 cigarros

Marcia Ribeiro/Folha Imagem
O corretor de imóveis Edgar Rossi, 54, que fuma desde os 11 anos e sempre carrega dois maços de cigarro, em choperia de Ribeirão Preto

BRUNA SANIELE
DA FOLHA RIBEIRÃO

Um em cada quatro ribeirão-pretanos acima de 18 anos é fumante, segundo pesquisa inédita do Datafolha, que foi encomendada pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, com patrocínio da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
O índice de 26% está muito acima da média nacional de 18,8%, segundo levantamento do Inca (Instituto Nacional de Câncer) e do Ministério da Saúde. Apesar de alto, o percentual em Ribeirão é menor que o registrado mundialmente: a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que um terço da população mundial adulta fume.
Os dados foram fornecidos à Folha pelo coordenador da Unidade de Hipertensão da Divisão de Cardiologia do HC, Fernando Nobre. A pesquisa completa será disponibilizada após publicação em revista científica internacional, prevista para o final deste semestre. A margem de erro da pesquisa é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.
Segundo os dados coletados, cada fumante de Ribeirão consome em média 17 cigarros por dia. O coordenador de cerimonial José Henrique de Oliveira e Silva, 46, que fuma desde os 18 anos, está acima dessa média. Ele fuma 30 cigarros por dia e disse que só parou por 15 dias enquanto fazia um tratamento contra hipertensão.
"Mas não fiquei doente por causa do cigarro. Meu avô fumou a vida toda e morreu com mais de 80 anos", afirmou.
O levantamento mostrou que 97% dos entrevistados sabem que o tabagismo causa doenças cardiovasculares.
De acordo com o coordenador do programa de tabagismo do HC, Clésio Souza Soares, em geral, a vida do fumante divide-se em três momentos.
Na primeira fase, chamada de pré-contemplação, ele não considera parar. Na fase de contemplação, ele quer e sabe que precisa parar, mas ainda não consegue atingir o objetivo. Apenas em uma terceira fase, a fase de ação, o fumante decide que deve parar.
"A maior dificuldade é a crise de abstinência. Parando de fumar o paciente começa a ter irritação, nervosismo, falta de concentração, mal estar e sintomas de dependência química", disse Soares.
O tratamento para se livrar do cigarro não é barato. O paciente tem a opção de se tratar com adesivos com nicotina, que devem ser usados por 12 semanas e demandam gasto de R$ 40 por semana, ou pode optar pelo tratamento com medicamento antidepressivo por oito semanas, ao custo aproximado de R$ 180. De acordo com Soares, somente 10% das pessoas conseguem parar sem ajuda médica.
O corretor de imóveis Edgar Rossi, 54, começou a fumar quando tinha 11 anos. Em 2000, conseguiu parar por três meses. Devido a sintomas de abstinência, voltou a fumar. "É uma droga, quando a gente para fica irritado, não consegue se concentrar. Eu fumo um maço por dia e sempre ando com dois, para não correr o risco de ficar sem cigarro", disse.
O HC encomendou a pesquisa para verificar o conhecimento da população sobre a gravidade das doenças. O resultado apontou que a maioria desconhece a gravidade do diabetes, do derrame e da hipertensão. Apenas 20% dos entrevistados sabiam que as doenças cardíacas são a principal causa de morte no Brasil.
Dos entrevistados, 31% não souberam indicar qual o valor normal da pressão arterial (12 x 8) e só 4% foi capaz de dizer que o principal sintoma de obesidade é a medida da cintura.


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