Cidade tem 1,69 morador por carro; há 4 anos, tinha 2,2 e ocupava a 14ª posição

"A cidade precisa de obras, adaptações, sinalizações e novos estacionamentos, ou o trânsito vai parar", diz chefe da Transerp

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

JOSÉ BENEDITO DA SILVA EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA RIBEIRÃO Na casa da universitária Angélica Ferreiro Capellaro, 21, cada um tem seu próprio carro. Para ir à faculdade, ela usa seu Cross Fox. O irmão, também estudante, vai de Vectra, enquanto os pais vão ao trabalho de Pólo e Astra.
Se ainda não registra a média de um morador por veículo, como acontece na casa de Angélica, Ribeirão Preto vê sua frota de carros, motos, caminhões e outros veículos crescer mais que a população.
Levantamento feito pela Folha a partir de dados atualizados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) mostra que Ribeirão tem a sexta maior frota proporcional do Estado, com 1,69 morador por veículo. O índice representa um grande avanço em relação a 2004, quando a cidade tinha 2,22 habitante por veículo e ocupava o 14º lugar no ranking.
Segundo o último balanço do Denatran, referente ao mês de setembro, a frota de Ribeirão é de 329.837 veículos, contra 244.262 em setembro de 2004: um aumento de 35%.
"As cidades de Ribeirão e região vão sofrer mais que as grandes capitais, pois não têm metrô ou sistema de transporte público adequado e, muitas vezes, sequer um departamento de trânsito", disse o engenheiro e consultor em trânsito Horácio Figueira, membro da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).
Os números mostram a força do interior no setor automobilístico. Em 2004, nenhuma cidade da região aparecia entre as dez maiores frotas proporcionais do Estado -entre as 20 primeiras, só havia Ribeirão. Atualmente, Orlândia também está entre as dez: é a sétima colocada no ranking estadual (leia texto nesta página).
Além disso, dados da Secretaria de Estado da Fazenda relativos aos nove primeiros meses do ano revelam que a arrecadação de Ribeirão com o IPVA cresceu de R$ 59,099 milhões em 2007 para R$ 72,543 milhões neste ano, um aumento de 22,7%, superior ao do Estado -foi de 16,8% (R$ 3,030 bilhões para R$ 3,540 bilhões).
"Estamos próximos do índice das grandes metrópoles, que é de 1,3 habitante por veículo. A cidade precisa de adaptações, obras, sinalizações, construção de novos estacionamentos, senão o trânsito vai parar", disse Antonio Carlos Muniz, superintendente da Transerp. Segundo ele, Ribeirão pode oferecer o melhor sistema de transporte, mas as pessoas querem ter o próprio veículo.
A prefeita eleita Dárcy Vera (DEM) disse que se preocupa com o trânsito. "Apresentei um projeto na Secretaria de Transportes para a criação de um centro de distribuição de cargas que visa diminuir o número de caminhões que entram e saem do centro. Mas os caminhões não são os únicos problemas: as pessoas usam o carro pois o transporte público não atende a necessidade."


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