Ribeirão Preto, Terça-feira, 30 de Março de 2010

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Franca exporta mais calçados no bimestre

Números revelam indícios de recuperação do setor, na comparação com 2009; indústria festeja abertura de novas fronteiras

EUA e Europa aumentam suas compras, mas focos de interesse da indústria são o mercado interno e os outros importadores

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Sinal de recuperação nas exportações de calçados das indústrias de Franca. No primeiro bimestre deste ano, o setor exportou 456.099 pares, uma alta de 10,5% em relação ao mesmo período de 2009.
Apesar da base de comparação não ser favorável -2009 foi um "ano para esquecer", segundo o presidente do Sindifranca (Sindicato das Indústrias de Calçado de Franca), José Carlos Brigagão do Couto-, os produtores comemoram a retomada de mercados tradicionais, como Estados Unidos e Europa, e a expansão do produto francano para novas fronteiras, como Emirados Árabes, Arábia Saudita e Sérvia.
A Espanha, segunda maior consumidora da indústria calçadista de Franca no primeiro bimestre, adquiriu US$ 1,31 milhão em sapatos neste ano, ante US$ 639 mil no mesmo período em 2009. Maior cliente, os Estados Unidos tiveram desempenho mais tímido: passaram de US$ 4,82 milhões para 5,02 milhões, alta de 4%.
"Estamos sentindo que está melhor, mas a recuperação é lenta, sem euforia", diz o empresário José Rosa Jacomete, da Anatomic Gel.
No mercado europeu, segundo ele, o impacto da crise econômica foi menor -ao menos no bolso dos compradores de sapatos- e o crescimento das exportações reflete a retomada da demanda.
Já para os Estados Unidos, as vendas continuam pouco aquecidas. "Mas com esse [país] eu não estou muito preocupado", disse Jacomete.
Os focos da preocupação do empresário, agora, são o mercado interno e outros importadores que têm ganhado mais importância nos últimos anos. É o caso da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.
"A cada semestre, a cada feira que participamos, aumentam os negócios com esses compradores", disse Jacomete.
País rico em petróleo e de maioria muçulmana, a Arábia Saudita, do ramo mais conservador da religião, tem como característica, segundo Jacomete, pagar em dia e comprar, principalmente, sapatos pretos e sem cadarço.
Essas preferências, disse o empresário, são explicadas pelo fator religioso. "Como tiram os sapatos para orar várias vezes ao dia, eles preferem um calçados mais prático."
Para Brigagão, a retomada das exportações no bimestre mostra o empenho dos empresários em colocar seus produtos no mercado internacional, mesmo diante do efeitos da crise econômica, e com o câmbio e o sistema tributário brasileiro dificultando essa tarefa.
A presença de grandes redes europeias na Couromoda -maior feira do setor na América Latina- deste ano está contribuindo para impulsionar os embarques de sapatos, disse o presidente do Sindifranca.
Junto com o aquecimento do mercado interno, as exportações estão ajudando a indústria de Franca a aumentar as contratações. Em 2010, o setor abriu 4.045 postos de trabalho, ante 2.381 no primeiro bimestre de 2009.


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