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Blitz em ônibus de bóia-fria gera 29 multas
Operação foi feita na madrugada pelo Ministério Público do Trabalho e Polícia Rodoviária em dois pontos da região
Estado de conservação e de segurança dos veículos foi aprovado, mas quase todos os carros tinham problemas nas documentações
Edson Silva/Folha Imagem
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Na rodovia Abrão Assed, em Serrana, trabalhadores rurais aguardam procuradores do Trabalho e policiais rodoviários terminarem a fiscalização dos ônibus que os transportam diariamente
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Uma operação conjunta inédita do Ministério Público do
Trabalho e da Polícia Militar
Rodoviária fiscalizou 28 ônibus
de transporte de trabalhadores
rurais na madrugada e manhã
de ontem em dois pontos da região de Ribeirão Preto. Foram
aplicadas 29 multas. Houve
blitz em outras sete regiões do
interior paulista (leia texto nesta página).
Na região, a ação se concentrou em Serrana e Morro Agudo. Um outro comando iria
atuar em Barretos, mas foi cancelado por causa da chuva. Os
pontos estratégicos de passagem dos veículos que transportam bóias-frias foram levantados pelos policiais rodoviários.
No posto de Serrana, na rodovia Abrão Assed, foram parados e vistoriados 20 ônibus. No
total, a fiscalização rendeu 21
multas, mas em nenhum dos
veículos foram achadas falhas
de conservação ou segurança.
"No quesito estado de conservação e segurança ninguém
foi reprovado, mas em relação à
legislação de trânsito foi difícil
achar um carro correto", disse
o comandante da operação em
Serrana, o subtenente Edson
Aranha Marinho.
As principais violações dizem respeito à documentação,
falta de permissão para transporte de passageiros, falta de
permissão do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) para trânsito em rodovias
e falhas em equipamentos, como tacógrafos e faróis.
Procuradores do Trabalho
acompanharam os policiais e
ouviram as queixas dos bóias-frias. As principais se referiam
ao não-pagamento das horas
em transporte e à falta de refrigeração no compartimento de
água potável dos ônibus. "Não
achamos nada que pudesse gerar uma ação mais incisiva do
Ministério Público ou a abertura de inquérito, mas esta primeira vez serviu para mostrar
que estamos em cima da questão do transporte. É um aprendizado para a próxima safra,
quando [a fiscalização] deve ser
mais comum", disse o procurador Sílvio Beltramelli Neto.
As principais irregularidades
foram achadas em ônibus das
usinas Nova União, de Serrana,
e Companhia Energética Santelisa, de Sertãozinho. A Folha
tentou ouvir diretores das duas
empresas, mas ninguém ligou
de volta.
Na maioria dos casos, o
transporte era terceirizado e as
multas irritaram os frotistas.
"Tenho o documento que eles
querem [certificado de seguro
obrigatório], ele só não estava
visível", disse o motorista João
dos Reis Zamboni, 54.
Os trabalhadores, que ontem
perderam as primeiras horas
de trabalho, aprovaram a iniciativa do MPT. "A nossa segurança é importante. Muitas vezes nem sabemos o que está errado", disse o bóia-fria Adelson
Santos, 27.
A safra da cana-de-açúcar
deve se estender até o dia 20 de
novembro em 2008. Segundo
Beltramelli Neto, no entanto,
não há mais ações semelhantes
planejadas para este ano. "Foi
um aprendizado para as safras
seguintes", afirmou.
Neste ano, procuradores do
Trabalho fizeram blitze em canaviais da região para apurar as
condições de trabalho dos cortadores de cana. Houve flagrantes de trabalhadores sem
equipamento adequado e sem
registro em carteira. A fiscalização se intensificou nos últimos dois anos devido a mortes
de cortadores, supostamente,
por excesso de esforço.
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