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Campeão mundial diz enfrentar preconceito nos Estados Unidos
DA ENVIADA ESPECIAL A LAS VEGAS
Renato Nunes, 29, conversava com fãs quando viu um
velhinho vindo, bem sério.
Passou bem pertinho do
peão e falou baixinho: "É ratão, é melhor voltar pro Brasil, aqui não é seu lugar."
"Fiquei chocado, abatido", disse Nunes, que dois
dias depois ganhou o mundial e a etapa de Las Vegas,
embolsando US$ 1,25 milhão. "Acho que nem sabia
português, mas aprendeu as
palavras só para me dizer."
À Folha, no bar do hotel
de um cassino em Las Vegas,
ele conta que ouve críticas
desde que "puxou a buzina"
(protestar) para um peão
americano, pedindo revisão
da nota. O peão ficou com zero, e os juízes foram punidos.
"Muitos americanos pensam que o dinheiro aqui é só
deles, que quem vem é ladrão. Se for pensar, é verdade. Muita gente vem do Brasil
só para trabalhar e levar o dinheiro embora. Mas quando
eu vim, gastei US$ 5.000,
US$ 10 mil para chegar ao topo. Eu paguei para trabalhar.
Agora estou recebendo."
Na arena, Nunes dá um
show. Após ficar os oito segundos sobre o touro, corre
até a grade, sobe e dá cambalhota no ar. É comum atirar o
chapéu para a plateia.
Nascido em Buritama (SP),
monta desde os 18 anos. Nos
EUA desde 2005, já arrecadou outro US$ 1,3 milhão em
rodeios. É casado e tem três
filhos. Tem dois ranchos no
Brasil. "Quem tem muito gasta muito. Se fizer um negócio
errado, pagará por isso", disse sobre o destino do prêmio.
Entre tantas vitórias, ele
fala do dia mais "decepcionante", quando o Brasil perdeu para os EUA em Barretos, na Copa do Mundo em
2009. "Todos estavam lá para ver o Brasil ganhar, e
quando eu dirigia de volta
para casa, meu coração estava em frangalhos."
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