Ribeirão Preto, Domingo, 31 de Outubro de 2010

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Campeão mundial diz enfrentar preconceito nos Estados Unidos

DA ENVIADA ESPECIAL A LAS VEGAS

Renato Nunes, 29, conversava com fãs quando viu um velhinho vindo, bem sério. Passou bem pertinho do peão e falou baixinho: "É ratão, é melhor voltar pro Brasil, aqui não é seu lugar."
"Fiquei chocado, abatido", disse Nunes, que dois dias depois ganhou o mundial e a etapa de Las Vegas, embolsando US$ 1,25 milhão. "Acho que nem sabia português, mas aprendeu as palavras só para me dizer."
À Folha, no bar do hotel de um cassino em Las Vegas, ele conta que ouve críticas desde que "puxou a buzina" (protestar) para um peão americano, pedindo revisão da nota. O peão ficou com zero, e os juízes foram punidos.
"Muitos americanos pensam que o dinheiro aqui é só deles, que quem vem é ladrão. Se for pensar, é verdade. Muita gente vem do Brasil só para trabalhar e levar o dinheiro embora. Mas quando eu vim, gastei US$ 5.000, US$ 10 mil para chegar ao topo. Eu paguei para trabalhar. Agora estou recebendo."
Na arena, Nunes dá um show. Após ficar os oito segundos sobre o touro, corre até a grade, sobe e dá cambalhota no ar. É comum atirar o chapéu para a plateia.
Nascido em Buritama (SP), monta desde os 18 anos. Nos EUA desde 2005, já arrecadou outro US$ 1,3 milhão em rodeios. É casado e tem três filhos. Tem dois ranchos no Brasil. "Quem tem muito gasta muito. Se fizer um negócio errado, pagará por isso", disse sobre o destino do prêmio.
Entre tantas vitórias, ele fala do dia mais "decepcionante", quando o Brasil perdeu para os EUA em Barretos, na Copa do Mundo em 2009. "Todos estavam lá para ver o Brasil ganhar, e quando eu dirigia de volta para casa, meu coração estava em frangalhos."


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