São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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Para manter marca, EUA fazem caça a talentos

Disputa por bons alunos é tão acirrada quanto por docentes nas universidades

Instituições de ensino superior americanas têm mentalidade quase empresarial, seguindo a lógica dos negócios

DE BOSTON

Todo semestre, o programa de seleção de Harvard faz pelos EUA um misto de "road show" (viagens de empresas exibindo seu produto) e caça-talentos para atrair os melhores estudantes do país.
A prática é comum nas universidades de ponta americanas e mostra que bons alunos são tão disputados quanto bons professores.
Na última turnê "Harvard em sua Cidade Natal", havia representantes de Stanford, Duke (Carolina do Norte) e Georgetown (Washington).
Esse tipo de programa reflete uma mentalidade quase empresarial arraigada nas instituições de ensino superior dos EUA. A ideia, pregam, é que não basta um processo de admissão criterioso para ter um corpo estudantil qualificado e produtivo.
É preciso também procurar e estimular alunos do ensino médio que não tenham se dado conta de seu potencial. E bancar a educação dos que têm recursos limitados.
Na maioria das sete americanas do ranking, famílias com renda mensal de até R$ 8.500 não pagam para o filho estudar. A bolsa média, que beneficia de 50% (Yale) a 80% dos alunos (Stanford), cobre 70% dos gastos, inclusive moradia e alimentação.
Frequentemente, essa caçada se estende além das fronteiras americanas.

MARCA
Buscar os melhores é uma forma de preservar o nome da universidade e garantir sua influência em governos, corporações, centros de pesquisa e ONGs. Nessa porta rotatória, os ex-alunos retribuem a educação com dinheiro ou prestígio.
"A "marca" Harvard é muito cara, e a universidade mantém gente em seu departamento jurídico encarregada de cuidar de seu bom uso e preservação", afirma um professor e advogado que preferiu não se identificar.
Os departamentos de carreiras são ativos. Professores com renome, contatos ou empregos simultâneos em esferas altas do mundo corporativo e do serviço público oferecem ajuda e conselhos para o aluno se colocar.
A disputa pelos melhores docentes, aliás, é acirrada. Em 2009, Harvard diz ter gasto R$ 1,7 bilhão em salários e benefícios para seus 2.100 professores. Às vezes, há rumores de um salário anual de US$ 1 milhão (R$ 1,7 milhão) para uma estrela acadêmica.
A lógica é de negócios. As universidades gerenciam uma reserva de fundos próprios. Um Nobel traz maior financiamento para pesquisas e atividades acadêmicas.
Gente cujo nome pesa, como o constitucionalista Lawrence Tribe, da Faculdade de Direito de Harvard, atrai dinheiro. Em 2009, uma doação anônima de R$ 17 milhões foi feita em homenagem a ele. (LUCIANA COELHO)


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