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Esclerose múltipla ganha novas opções de tratamento

Primeira droga em cápsula foi lançada agora no país e outras estão em teste.

Remédio usado hoje é injetável; doença causa danos aos nervos e não tem cura, mas as drogas reduzem os sintomas

DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE “SAÚDE”

Acaba de ser lançado no país o primeiro de uma série de novos remédios por via oral para tratar a esclerose múltipla, doença do sistema nervoso que atinge cerca de 30 mil brasileiros.

Hoje, o tratamento é feito com injeções, que podem ser tomadas de forma semanal, a cada 48 horas ou todo dia, dependendo do caso.

A vantagem do remédio em cápsulas é óbvia para o paciente, que se livra das injeções e de efeitos colaterais da medicação atual, como sintomas similares aos da gripe.

Os tratamentos têm por objetivo reduzir a ocorrência de períodos de crise, em que os sintomas da esclerose -perda de equilíbrio, mobilidade, sensibilidade, dores, entre outros - manifestam-se de forma mais forte.

A DOENÇA

Acredita-se que a esclerose múltipla aconteça porque as células de defesa da pessoa começam a atacar os neurônios, as células do sistema nervoso, destruindo seu revestimento, a mielina.

Os danos à mielina e ao nervo dificultam a passagem dos impulsos elétricos e causam os sintomas da esclerose. Cada pessoa tem um ritmo na progressão da doença, a qual, em estágio avançado, pode trazer complicações pela falta de mobilidade, de controle urinário e pela dificuldade de engolir alimentos.

O interferon, remédio injetável usado hoje, tem uma ação anti-inflamatória e protege o cérebro contra maiores danos nervosos. Isso previne as crises periódicas sofridas pelos pacientes.

As novas drogas agem sobre as células de defesa. A que foi lançada agora no país, chamada de Gilenya (fingolimode) e produzida pela Novartis, impede que alguns linfócitos (células do sistema imune) saiam dos linfonodos, onde eles são produzidos.

SEQUESTRO

Segundo a neurologista Maria Cristina Giacomo, esses linfócitos têm uma "memória" das células nervosas que são alvo dos ataques. Essa lembrança os torna mais eficientes para reconhecer e atacar as células.

"A droga sequestra os linfócitos pré-marcados contra o sistema nervoso, eles ficam retidos", diz a neurologista, que dá apoio médico à Abem (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla) e trabalha no ambulatório de esclerose múltipla da Faculdade de Medicina do ABC.

Como o remédio é novo, ainda estão sendo acompanhados os seus efeitos colaterais. Segundo Giacomo, como parte dos linfócitos é tirada de circulação, é possível um aumento de infecções oportunistas. "É preciso monitorar os linfócitos periodicamente."

No entanto, ela destaca a vantagem da via oral, já que a necessidade de tomar injeções e os efeitos colaterais do interferon reduzem a adesão dos pacientes ao tratamento. "É mais uma opção para pacientes que não se tratavam por causa da agulha ou não respondem ao medicamento convencional."

O custo do remédio deve ser de R$ 7.039 por mês. Giacomo espera que a droga, assim como a atual, fique disponível no SUS em 2012.

Outra droga por via oral, o dimetil fumarato, do laboratório Biogen Idec, já passou por testes de fase 3 (os últimos antes da liberação do remédio no mercado).

Ele reduz a ação inflamatória detonada pelo sistema imune e que ataca as células do sistema nervoso central, reduzindo os episódios de crise. Ainda há mais uma substância em teste, também por via oral, que age nas células de defesa. A teriflunomida, da Sanofi-Aventis, já passou por estudos de fase 3.

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