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Nova técnica para tratar aneurisma chega ao país

Operação pouco invasiva insere 'tubo' que faz a bolha de sangue murchar

Dispositivo evita que aneurismas gigantes estourem e causem um acidente vascular hemorrágico

Theo Marques/Folhapress
Ilisangela Ribeiro, 30, de Curitiba, tinha dois aneurismas e foi submetida à técnica
Ilisangela Ribeiro, 30, de Curitiba, tinha dois aneurismas e foi submetida à técnica

DÉBORA MISMETTI
editora-assistente de “saúde”

Chegou ao Brasil uma nova técnica para tratar aneurismas e evitar que eles estourem, causando uma hemorragia cerebral que leva à morte em até metade dos casos.

O procedimento, que leva 20 minutos, é feito por cateterismo (é pouco invasivo). O médico insere, pela virilha, um dispositivo parecido com os stents usados para abrir artérias entupidas. O tubo, uma malha de metal, é colocado na artéria do cérebro onde está o aneurisma e desvia o fluxo de sangue. Isso faz a "bolha" murchar.

A primeira operação com o dispositivo foi feita no Paraná, em agosto. Ao menos outras quatro já foram realizadas desde então no país.

ESTOURO

O aneurisma é uma bomba-relógio no cérebro. Pode passar anos sem causar sintomas e estourar de repente, causando morte súbita. Até 5% da população tem um.

O problema é causado por uma fraqueza na parede da artéria, que forma uma bolha e vai se enchendo de sangue.

O aneurisma gigante (com mais de 25 mm), caso em que o novo dispositivo é mais indicado, é o que tem o pior prognóstico, segundo o neurointervencionista Eduardo Wajnberg, do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio.

Segundo o Wajnberg, a nova técnica é a primeira que trata a causa do problema, e não só a consequência.

Os tratamentos usados até agora são a cirurgia aberta, em que um clipe é colocado para controlar o aneurisma, e o preenchimento da bolha com micromolas de platina. O último é feito por cateterismo, mas pode permitir a volta do problema quando o aneurisma é grande.

O stent é acomodado como um revestimento que reforça a artéria e vai sendo incorporado a ela, diz Wajnberg.

"Trabalhos preliminares indicam até 95% de cura depois de um ano."

O neurointervencionista Carlos Abath pondera que ainda não há confirmação dos resultados a longo prazo. O principal risco do tratamento vem do fato de o dispositivo levar seis meses para "fechar" o aneurisma. Nesse meio tempo, ele pode romper.

UMA BOMBA

A vigilante Ilisangela Ribeiro, 30, foi a primeira paciente no país a passar pelo procedimento, no Hospital Santa Cruz, em Curitiba.

Seu primeiro aneurisma rompeu em 2005, quando ela morava em Portugal. "Senti uma dor tão grande, parecia que uma bomba tinha explodido. O pescoço ficou rígido. Meu marido chegou em casa e viu que eu estava tendo um derrame", conta.

"A dor de cabeça intensa pode ser o primeiro sinal de sangramento", diz o médico Alexander Corvello, que operou Ilisangela em Curitiba.

De volta ao Brasil, ela continuou fazendo exames periódicos e descobriu, mais tarde, que tinha outro aneurisma. Pior, o primeiro estava reabrindo. Em agosto, fez o novo tratamento. "Sempre tive dor de cabeça. Depois do stent, não mais."

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