Índice geral Saúde
Saúde
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Silicone só deve ser retirado se romper, dizem cirurgiões

Recomendação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica vale para as próteses francesas defeituosas

Mulher que optar por retirada do implante pode precisar de cirurgia para remoção do excesso de pele

DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE “SAÚDE”

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica afirmou ontem, em comunicado, que não é necessário retirar preventivamente as próteses de silicone fabricadas pela francesa Poly Implant Prothèse.

No mês passado, o Ministério da Saúde francês afirmou que pessoas com o silicone poderão se submeter à cirurgia de remoção preventiva às custas do governo. As próteses da PIP contêm material de qualidade inferior ao usado normalmente.

De acordo com o médico José Horácio Aboudib, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o silicone francês só é perigoso se o implante se romper. Antes disso, diz o cirurgião, o melhor é fazer um acompanhamento periódico.

"Indicar uma cirurgia desnecessária é um risco. Os problemas que as próteses podem causar são localizados e podem ser tratados. Não há justificativa para uma retirada por precaução."

Cerca de 12 mil pessoas no Brasil têm a prótese da PIP. Ao todo, 24,5 mil implantes foram usados no país, e mais 10 mil foram importados.

RISCO

O vazamento de uma prótese de silicone comum não costuma causar problemas graves de saúde, segundos os médicos. "O silicone médico é em gel, ele não se distribui pelo organismo. Esse da PIP é diferente, pode causar inflamação e infecção. Pode ir até para o pulmão", afirma o médico Carlos Uebel, presidente-eleito da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética.

A entidade divulgou nota anteontem defendendo a retirada do implante antes que ele se rompa. "Vai ser mais barato trocar a prótese do que tratar as consequências do rompimento depois."

REMOÇÃO

Em geral, a retirada ou a troca do silicone é necessária se o médico perceber que o implante está rompido. A própria paciente pode perceber alterações nos seios, mas o vazamento pode não causar sintoma algum. Exames de imagem ajudam a cravar o diagnóstico.

Caso opte por um novo implante, a paciente passa por uma cirurgia simples. A remoção, em geral, é feita através do mesmo corte por onde o silicone foi colocado.

De acordo com o cirurgião Sebastião Guerra, em alguns casos é melhor colocar uma nova prótese com 20 ml a mais de silicone do que a antiga, para manter a mesma aparência. Isso porque o corpo forma uma cápsula, uma espécie de película, em torno do implante, para isolá-lo do organismo. Se a cápsula é retirada junto com o implante, o tamanho do seio pode ficar menor com um novo do mesmo tamanho.

Quando não é colocado um novo silicone, o seio pode ficar murcho, por causa do excesso de pele, que havia se esticado para acomodar o implante. De acordo com Carlos Uebel, a pele pode voltar ao normal, especialmente nas mulheres mais jovens.

Mas uma plástica pode ser necessária para retirar o excesso de pele. "A maioria vai optar por uma nova prótese, a paciente não vai querer ficar sem."

O Ministério da Saúde afirma que mulheres que sofreram uma mastectomia (retirada da mama após um tumor) poderão ter um novo implante se o silicone vazar, às custas do SUS. Isso não vale para próteses colocadas por estética.

Aboudib, da sociedade de cirurgia plástica, diz que os médicos devem procurar suas pacientes para avaliar as próteses. Em caso de problemas, fica a cargo de cada cirurgião negociar como será feita a troca do implante e os seus custos.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.