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"Planejava retomar os estudos, mas fiquei esperando ter tempo"

DE SÃO PAULO

A maior preocupação hoje da escrevente Luciléia de Oliveira, 42, é que os filhos aceitem sua doença. O primogênito, de 18 anos, não quer vê-la na cama do hospital. A caçula, de 14 anos, está próxima, mas sofre muito em vê-la definhando.

É a mãe, Lúcia, de 64 anos, que não sai do lado da filha. Há 15 dias, elas estão no quarto 1216 na enfermaria de cuidados paliativos do Hospital do Servidor Estadual. "Tem que ser forte", diz Lúcia.

Luciléia teve o câncer de intestino diagnosticado em 2007. Três anos depois, a doença se espalhou para todo o abdome. Ano passado, a quimioterapia foi suspensa.

O único tratamento que recebe hoje é para aliviar a dor e o desconforto causados pelos tumores.

Evangélica, ela diz que nunca se revoltou com a doença. "Não sou melhor nem pior do que ninguém. Todos nós estamos sujeitos a ter um câncer. Faz parte da vida."

Antes de ficar doente, Luciléia planejava retomar os estudos e cursar direito. Mas não se arrepende de não ter feito isso antes. "Fiquei esperando os dois tempos", brinca ela com os dedos, referindo-se à falta de dinheiro e à falta de tempo real.

A escrevente relata que tem seus "altos e baixos" e que, nos momentos de dor, a ideia da morte fica muito presente. "Aí eu fico pensando se ainda tenho alguma coisa para acertar com alguém antes de ir." Muitas vezes, porém, ainda espera por um milagre. "Penso que Deus reserva uma surpresa para mim."

Para os filhos, tenta passar uma mensagem positiva. "Eu digo: 'Mesmo que a mamãe venha a falecer, terá valido a pena. Isso tem sido um grande aprendizado'." (CC)

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