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Comissão quer obstetra de plantão em hospital

Proposta é de entidades médicas para estimular parto normal no setor privado

Médico que acompanha a gestação seria chamado só na hora do parto, para evitar necessidade de espera

DO RIO

Para tentar reduzir o número de cesarianas na rede privada, entidades querem que os hospitais mantenham equipes especializadas de plantão para acompanhar as primeiras horas do trabalho de parto das gestantes.

Com isso, o obstetra que fez o pré-natal poderia ser acionado só quando o nascimento estivesse se aproximando -a longa duração do processo é um dos motivos pelos quais muitos médicos optam pelas cirurgias.

Essa é uma das propostas da Comissão de Parto Normal, criada em 2009 pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) para estimular esse tipo de parto sempre que não houver indicação clínica para a cesárea.

"A cesariana é muito importante em alguns momentos, salva vidas, mas no Brasil tem sido feita de forma excessiva", diz a gerente de assistência à saúde da ANS, Karla Coelho.

Segundo ela, a agência já leva em consideração a evolução do número de cesáreas ao fazer a avaliação das operadoras de planos de saúde, mas isso não tem sido suficiente para diminuir as altas taxas na saúde suplementar.

MEDIDAS

Para isso, avalia, é necessário adotar uma série de ações conjuntas, que a agência busca estimular junto às operadoras. Além das equipes de plantão, por exemplo, Coelho defende a disseminação de salas de pré-parto, onde a gestante possa ficar durante o trabalho de parto, acompanhada por enfermeiros obstétricos.

Integrante do grupo técnico de obstetrícia do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), Jacqueline Torres diz que, em países como a Holanda, a maior participação desses profissionais melhorou a qualidade dos partos.

"São profissionais treinados para acompanhar o trabalho de parto e, diferentemente dos médicos, têm uma formação mais de aguardar do que de intervir", afirma.

Outra medida em estudo é a adoção, pela rede privada, de iniciativas já vigentes no SUS, como o cartão da gestante e o partograma.

INFORMAÇÃO ABERTA

O cartão é um documento com informações sobre o histórico da gestação, inclusive com resultados de exames.

Na avaliação de José Fernando Maia Vinagre, do Conselho Federal de Medicina, isso daria mais tranquilidade à gestante para optar pelo parto normal: mesmo que o obstetra responsável pelo acompanhamento no pré-natal não esteja disponível no dia do parto, todas as informações importantes estariam acessíveis para o profissional que assumir o procedimento.

Hoje, muitos médicos mantêm essas informações em seus consultórios, sem repassá-las para a paciente.

Já o partograma é um registro da evolução do trabalho de parto, com informações como o número e a frequência das contrações e o grau de dilatação.

Além de orientar o trabalho da equipe, o documento poderia permitir que as maternidades acompanhassem de forma mais fácil a conduta de suas equipes.

Segundo Vinagre, o CFM estuda editar uma resolução obrigando os médicos a preencher esses documentos.

Para Coelho, da ANS, é importante que as operadoras de planos formem grupos de gestantes para abordar a questão do parto normal. "É preciso desmistificar a questão da dor."

(AG E DM)

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