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"O mais cruel é a mudança de personalidade"
DE SÃO PAULO
Há 13 anos, quando sua
mãe passou a apresentar
os sinais de Alzheimer, a
escritora Heloisa Seixas
não tinha ideia do ocorria.
Havia pouca informação,
pouco apoio. O que a ajudou foi escrever "O Lado
Escuro" (Objetiva, 2007).
Seixas, colunista da
"Serafina", conta a seguir
um pouco do que provou
quando a doença entrou
na sua casa.
"O início é o pior. O
doente e os que estão em
volta não entendem o que
está acontecendo. A perda
de memória não é a faceta
mais cruel. Cruel é a mudança de personalidade.
A relação de minha mãe
comigo e minha filha foi ficando intolerável. Os familiares ficam irritados.
Tenho certeza que há Alzheimer por trás de 80%
dos casos de violência
contra o idoso.
No livro, falo de minha
raiva. A raiva é fonte de
culpa e desarmonia. É preciso aprender que ela existe, você vai passar por momentos de revolta.
Essa incompreensão se
prolongou até minha mãe
ter, claramente, uma alucinação. Foram muitos
anos de incertezas e conflitos, raiva e culpa. Depois
que percebi ela doente, tive culpa retroativa.
Você fica ao lado de
uma pessoa que foi importantíssima em sua vida,
mas ela está lá só fisicamente. É uma espécie de
morte em vida, ninguém
está preparado para isso."
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