São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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"O mais cruel é a mudança de personalidade"

DE SÃO PAULO

Há 13 anos, quando sua mãe passou a apresentar os sinais de Alzheimer, a escritora Heloisa Seixas não tinha ideia do ocorria. Havia pouca informação, pouco apoio. O que a ajudou foi escrever "O Lado Escuro" (Objetiva, 2007).
Seixas, colunista da "Serafina", conta a seguir um pouco do que provou quando a doença entrou na sua casa.
"O início é o pior. O doente e os que estão em volta não entendem o que está acontecendo. A perda de memória não é a faceta mais cruel. Cruel é a mudança de personalidade.
A relação de minha mãe comigo e minha filha foi ficando intolerável. Os familiares ficam irritados. Tenho certeza que há Alzheimer por trás de 80% dos casos de violência contra o idoso.
No livro, falo de minha raiva. A raiva é fonte de culpa e desarmonia. É preciso aprender que ela existe, você vai passar por momentos de revolta.
Essa incompreensão se prolongou até minha mãe ter, claramente, uma alucinação. Foram muitos anos de incertezas e conflitos, raiva e culpa. Depois que percebi ela doente, tive culpa retroativa.
Você fica ao lado de uma pessoa que foi importantíssima em sua vida, mas ela está lá só fisicamente. É uma espécie de morte em vida, ninguém está preparado para isso."


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