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Colesterol sobe em ano pré-menopausa
Cientistas acompanharam mil mulheres; um ano antes do fim da menstruação, o LDL (colesterol "ruim") aumentou
Até então, não havia dados tão consistentes sobre os motivos do aumento do risco cardiovascular na menopausa, dizem autores
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
As mulheres sofrem um aumento considerável nos níveis
de colesterol no ano que antecede a menopausa, mostra um
novo estudo, publicado no
"Journal of the American College of Cardiology".
Para chegar ao resultado,
cientistas da Universidade de
Pittsburgh, nos Estados Unidos, acompanharam 1.054 mulheres ao longo de dez anos. No
início da pesquisa, elas tinham,
em média, 47 anos de idade.
Todas chegaram ao final do período menstrual entre três e
nove anos depois de o estudo
ter começado.
Cerca de um ano antes do fim
das menstruações, os pesquisadores observaram um aumento
na taxa de LDL (o colesterol
"ruim"), que se manteve após a
entrada na menopausa.
Para os autores do trabalho,
os dados identificam o ano anterior à menopausa como um
período crítico em relação às
mudanças no perfil lipídico das
mulheres. Segundo eles, até
agora não havia dados tão consistentes sobre os motivos do
aumento do risco cardiovascular na menopausa.
"Após a menopausa, as mulheres perdem a proteção dos
hormônios femininos. Aí os
eventos cardiovasculares crescem entre elas e chegam a ultrapassar os homens em incidência", diz o cardiologista
Carlos Scherr, da Universidade
Gama Filho, no Rio de Janeiro.
"Já se sabia que, quando a
mulher está próxima da menopausa, os folículos ovarianos diminuem até desaparecer e, com
isso, os estrogênios que eles
produzem ficam baixos, o que
facilita o aumento dos lípides",
explica a ginecologista Angela
Maggio da Fonseca, da Universidade de São Paulo.
Outro achado do estudo é
que as mudanças relacionadas
ao final do período menstrual
não variaram em função da raça, o que sugere que a menopausa tem uma influência uniforme nos níveis de lípides na
mulher. Fatores como peso, ganho de peso e uso de medicamentos também não influenciaram no resultado.
Os autores não encontraram
mudanças significativas na
pressão sanguínea, glicose, insulina ou fatores inflamatórios
no grupo estudado.
Segundo o artigo, são necessários mais estudos para entender como tratar melhor o aumento do colesterol nessa faixa
etária. Para os cientistas, as
mulheres devem entender que
o risco cardiovascular sofre alterações nesse período e que
precisam estar mais vigilantes
a mudanças no estilo de vida,
como evitar ganho de peso,
manter uma dieta saudável e
praticar atividades físicas.
"É importante ressaltar que
o controle das dislipidemias
-com mudanças nos hábitos
alimentares, prática de exercícios físicos e uso de drogas específicas- constitui, nos dias
atuais, um recurso valioso para
a redução das doenças cardiovasculares, com menor índice
de mortes causadas por elas,
permitindo à população em geral melhor qualidade de vida na
senilidade", diz Fonseca.
"O dado pode levar à necessidade de maior atenção nessas
pacientes, mesmo porque os
sintomas da doença coronariana nas mulheres podem ser atípicos", acredita Scherr.
Nível socioeconômico
Um artigo publicado recentemente na revista da Sociedade Brasileira de Cardiologia
apresenta o resultado de vários
estudos sobre fatores de risco
cardiovascular e sua relação
com sexo, idade e nível socioeconômico do paciente.
Uma dessas pesquisas mostra que o nível socioeconômico
influencia nos fatores de risco
para as doenças cardiovasculares em mulheres.
Os pesquisadores concluem
que mulheres e indivíduos mais
jovens apresentam mais fatores de risco e, portanto, são fortes candidatos a desenvolver
aterosclerose.
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