São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2010

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Metade dos adolescentes que se tratam de depressão tem recaída

Entre as meninas, a volta do problema foi ainda mais frequente

PAM BELLUCK
DO "THE NEW YORK TIMES"

Metade dos adolescentes que se recuperam de depressão tem uma recaída até cincos anos depois, não importando qual tenha sido o tratamento recebido.
O dado é de um estudo publicado na revista "Archives of General Psychiatry".
A pesquisa mostra também que as meninas têm mais risco do que os meninos de sofrer um segundo caso de depressão. Isso surpreendeu os pesquisadores porque, na idade adulta, as mulheres não têm uma taxa de recaída maior do que a dos homens.
A nova pesquisa foi feita com 200 adolescentes de 12 a 17 anos que receberam antidepressivo (fluoxetina), terapia cognitivo-comportamental, ambos ou uma pílula placebo, por 12 semanas.
Os pesquisadores já sabiam que os adolescentes que tomassem antidepressivo e fizessem terapia ao mesmo tempo se recuperariam mais rápido de sua primeira depressão. Por isso, esperava-se que eles teriam menos risco de sofrer uma recaída.
Não foi o que aconteceu. Após 36 semanas, a melhora era similar para todos e, depois de dois anos, a maioria estava recuperada. Mas, em cinco anos, 47% dos jovens voltaram a ter depressão.
"Não temos tratamento para prevenir a recaída", disse o autor do estudo, o psiquiatra John Curry, da Universidade Duke. "E não temos um indicador que mostre, durante o tratamento, o quanto a pessoa está protegida contra uma recaída."
Curry disse que ainda não está claro o motivo pelo qual 57% das meninas voltaram a se deprimir, enquanto só 33% dos meninos recaíram.
De acordo com Aradhana Bela Sood, diretora do Centro de Tratamento para Crianças na Virgínia (EUA), isso pode estar relacionado com mudanças hormonais ou com o fato de as mulheres serem mais preocupadas, o que multiplica os efeitos de episódios estressantes.
David Brent, professor de psiquiatria na Universidade de Pittsburgh, afirma que o estudo mostra a necessidade de um cuidado após o tratamento, para prevenir a volta do problema. Ele destaca ainda que, frente aos resultados, as terapias atuais não são boas o suficiente.


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