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Antibiótico antes de infecção salva vidas
De acordo com pesquisa feita em UTIs da Holanda, medida pode beneficiar pacientes em situação grave
Antônio Gaudério/ Folha Imagem
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Leitos da UTI do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (São Paulo)
RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
DESIREÊ ANTÔNIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Administrar antibióticos a
pacientes internados em UTIs
como medida preventiva pode
salvar muitas vidas e supera os
riscos de a pessoa desenvolver
resistência ao medicamento,
concluiu um estudo holandês
publicado no "New England
Journal of Medicine".
Os pesquisadores acompanharam 6.000 pessoas em situação crítica que ficaram em
unidades de cuidados intensivos por ao menos dois dias, sob
ventilação mecânica, em 13
hospitais holandeses. Voluntários que imediatamente tomaram antibióticos por via oral tiveram probabilidade 11% menor de morrer, e os que receberam uma combinação de medicamentos por vias oral e intravenosa correram 13% menos
riscos que pessoas que não receberam essas drogas.
No Brasil, médicos têm opiniões diferentes sobre a descoberta. Para Ederlon Rezende,
membro da diretoria da Associação de Medicina Intensiva
Brasileira, a pesquisa é uma das
mais relevantes já feitas sobre o
tema e pode causar grande impacto sobre o modo como é feita a descontaminação dos pacientes que vão para a UTI. "Estes resultados deverão ser discutidos nos próximos congressos da especialidade a fim de estimularmos esta conduta para a
grande maioria dos pacientes."
Já a supervisora da UTI de
doenças infecciosas do Hospital das Clínicas de São Paulo,
Ho Yeh Li, acredita que, aparentemente, essas conclusões
não são válidas no Brasil, onde
o perfil das bactérias é diferente do daquelas encontradas no
hemisfério Norte. "Primeiro,
temos que melhorar os recursos básicos das UTIs e depois
fazer um estudo para ver se é
possível aplicar essa medida no
Brasil", diz.
Na pesquisa holandesa, o número de infecções por bactérias resistentes a antibióticos
não sofreu elevação entre as
pessoas que estavam usando os
remédios. "Podemos afirmar
que, nos pacientes de maior
gravidade, o surgimento de
bactérias resistentes não é expressivo e é suplantado pelos
benefícios de melhor controle
das infecções que surgem na
UTI e pela redução do risco de
morte", afirma Rezende.
Segundo a Organização
Mundial da Saúde, infecções
hospitalares estão entre as
principais causas de morte.
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