São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2009

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Antibiótico antes de infecção salva vidas

De acordo com pesquisa feita em UTIs da Holanda, medida pode beneficiar pacientes em situação grave

Antônio Gaudério/ Folha Imagem
Leitos da UTI do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (São Paulo)

RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL

DESIREÊ ANTÔNIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Administrar antibióticos a pacientes internados em UTIs como medida preventiva pode salvar muitas vidas e supera os riscos de a pessoa desenvolver resistência ao medicamento, concluiu um estudo holandês publicado no "New England Journal of Medicine".
Os pesquisadores acompanharam 6.000 pessoas em situação crítica que ficaram em unidades de cuidados intensivos por ao menos dois dias, sob ventilação mecânica, em 13 hospitais holandeses. Voluntários que imediatamente tomaram antibióticos por via oral tiveram probabilidade 11% menor de morrer, e os que receberam uma combinação de medicamentos por vias oral e intravenosa correram 13% menos riscos que pessoas que não receberam essas drogas.
No Brasil, médicos têm opiniões diferentes sobre a descoberta. Para Ederlon Rezende, membro da diretoria da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a pesquisa é uma das mais relevantes já feitas sobre o tema e pode causar grande impacto sobre o modo como é feita a descontaminação dos pacientes que vão para a UTI. "Estes resultados deverão ser discutidos nos próximos congressos da especialidade a fim de estimularmos esta conduta para a grande maioria dos pacientes."
Já a supervisora da UTI de doenças infecciosas do Hospital das Clínicas de São Paulo, Ho Yeh Li, acredita que, aparentemente, essas conclusões não são válidas no Brasil, onde o perfil das bactérias é diferente do daquelas encontradas no hemisfério Norte. "Primeiro, temos que melhorar os recursos básicos das UTIs e depois fazer um estudo para ver se é possível aplicar essa medida no Brasil", diz.
Na pesquisa holandesa, o número de infecções por bactérias resistentes a antibióticos não sofreu elevação entre as pessoas que estavam usando os remédios. "Podemos afirmar que, nos pacientes de maior gravidade, o surgimento de bactérias resistentes não é expressivo e é suplantado pelos benefícios de melhor controle das infecções que surgem na UTI e pela redução do risco de morte", afirma Rezende.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, infecções hospitalares estão entre as principais causas de morte.


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