São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

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Médicos apoiam gravidez natural para soropositivos

Risco de transmissão do vírus é quase zero em condições controladas, dizem infectologistas

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas em Aids apoiam a intenção do governo de orientar soropositivos que querem ter filhos a engravidar naturalmente, desde que respeitem condições específicas.
Reportagem publicada ontem pela Folha informou que o ministério elabora um documento para ser apresentado em junho que instrui esses casais sobre a forma mais segura de reprodução natural.
De acordo Andrea da Silveira Rossi, consultora indicada oficialmente pelo ministério para falar sobre o tema, a estratégia de redução de riscos inclui: fazer sexo desprotegido na data exata do período fértil; estar com a carga viral baixa; ter o CD4 (células de defesa) elevado e não ter outras doenças.
"Pessoas com HIV podem ter filhos. A transmissão depende da quantidade de vírus presente no sangue. Se a carga viral estiver baixa e a doença, rigorosamente controlada, o risco de transmissão é praticamente zero", afirma o infectologista Ésper Kallás, professor da USP.
Segundo Kallás, estudos internacionais envolvendo gravidez de casais em que apenas um tinha o vírus não detectaram transmissão -o que reforça a tese de que, em casos especiais, o risco é mínimo.
"Isso é tão verdade que a Suíça, por exemplo, abre a possibilidade de casais com a carga viral controlada não precisarem usar camisinha em todas as relações sexuais", diz Kallás.
Juvêncio Furtado, membro do comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia, diz que nos últimos dois anos atendeu seis casais nessas condições. "Nenhum parceiro se contaminou e todos os bebês nasceram saudáveis."
Mas tanto Kallás quanto Furtado reforçam que a orientação não pode ser generalizada. "Não dá para os pacientes tomarem a decisão sozinhos. É preciso ter certeza de que essa é a melhor solução", diz Kallás.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse ontem que ainda não tomou uma decisão sobre o documento . "O que nós queremos é que todas as brasileiras que queiram ter filhos os tenham em condições seguras para si e para os seus bebês", afirmou. "Mas ainda não há nenhuma definição de como isso vai ser feito."

Colaborou a Sucursal de Brasília



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