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Médicos apoiam gravidez natural para soropositivos
Risco de transmissão do vírus é quase zero em condições controladas, dizem infectologistas
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialistas em Aids
apoiam a intenção do governo
de orientar soropositivos que
querem ter filhos a engravidar
naturalmente, desde que respeitem condições específicas.
Reportagem publicada ontem pela Folha informou que o
ministério elabora um documento para ser apresentado
em junho que instrui esses casais sobre a forma mais segura
de reprodução natural.
De acordo Andrea da Silveira
Rossi, consultora indicada oficialmente pelo ministério para
falar sobre o tema, a estratégia
de redução de riscos inclui: fazer sexo desprotegido na data
exata do período fértil; estar
com a carga viral baixa; ter o
CD4 (células de defesa) elevado e não ter outras doenças.
"Pessoas com HIV podem ter
filhos. A transmissão depende
da quantidade de vírus presente no sangue. Se a carga viral
estiver baixa e a doença, rigorosamente controlada, o risco de
transmissão é praticamente
zero", afirma o infectologista
Ésper Kallás, professor da USP.
Segundo Kallás, estudos internacionais envolvendo gravidez de casais em que apenas
um tinha o vírus não detectaram transmissão -o que reforça a tese de que, em casos especiais, o risco é mínimo.
"Isso é tão verdade que a Suíça, por exemplo, abre a possibilidade de casais com a carga viral controlada não precisarem
usar camisinha em todas as relações sexuais", diz Kallás.
Juvêncio Furtado, membro
do comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia, diz que nos últimos dois
anos atendeu seis casais nessas
condições. "Nenhum parceiro
se contaminou e todos os bebês
nasceram saudáveis."
Mas tanto Kallás quanto
Furtado reforçam que a orientação não pode ser generalizada. "Não dá para os pacientes
tomarem a decisão sozinhos. É
preciso ter certeza de que essa
é a melhor solução", diz Kallás.
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, disse ontem
que ainda não tomou uma decisão sobre o documento . "O que
nós queremos é que todas as
brasileiras que queiram ter filhos os tenham em condições
seguras para si e para os seus
bebês", afirmou. "Mas ainda
não há nenhuma definição de
como isso vai ser feito."
Colaborou a Sucursal de Brasília
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