São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2008

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Programa reduz mortes por insuficiência cardíaca

Padronização de condutas é a chave para tratar problema

DA REPORTAGEM LOCAL

A adoção de novos protocolos clínicos que prevêem um atendimento especial ao doente desde a chegada ao pronto-socorro até a alta do hospital tem conseguido reduzir em até 40% a taxa de mortalidade e em 30% o tempo de internação de pacientes com insuficiência cardíaca aguda.
Esses resultados serão apresentados hoje em simpósio realizado pelo hospitais Pró-Cardíaco, do Rio de Janeiro, e Albert Einstein, em São Paulo. A insuficiência cardíaca afeta ao menos 8 milhões de brasileiros. Por ano, 400 mil são internados no SUS com o problema, que se caracteriza por uma dilatação do coração que o torna incapaz de bombear sangue para os outros órgãos do corpo.
O ponto-chave do tratamento é a padronização das condutas. Quando o paciente chega ao pronto-socorro, uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos, entre outros, entra em ação "falando a mesma língua".
Do medicamento a ser prescrito até a alimentação mais adequada para o paciente, tudo é decidido com base em consensos aprovados por sociedades médicas americanas e européias e devem ser seguidos por toda equipe.
Um exemplo prático: se a enfermeira observa que o paciente não está usando betabloqueadores -drogas essenciais no tratamento da insuficiência cardíaca-, ela deve questionar o médico sobre isso e ele tem que anotar a justificativa da não-prescrição no prontuário.
Segundo o médico Marcelo Montera, coordenador do Centro de Insuficiência Cardíaca do Hospital Pró-Cardíaco, além da redução das taxas de mortalidade e do tempo de internação -de nove dias para seis dias-, houve uma diminuição de 35% dos custos hospitalares após a adoção dos novos procedimentos.
Agora, explica ele, o hospital está avaliando o impacto das medidas na taxa de reinternação. "Quando o paciente sai do hospital com os medicamentos adequadamente prescritos e contam com o apoio de uma equipe multidisciplinar a tendência é uma queda na reinternação e uma melhor qualidade de vida", diz.
Em três anos de adoção dos protocolos, o Albert Einstein conseguiu detectar uma queda de 15% no índice de reinternação, segundo Fernando Bacal, cardiologista da unidade de insuficiência do hospital.
Bacal afirma que a meta da Sociedade Brasileira de Cardiologia é conseguir levar o programa para os médicos das redes privada e pública por meio de educação continuada.
A entidade também negocia com o Ministério da Saúde a oferta de uma cesta básica de medicamentos necessários para o controle da insuficiência cardíaca. (CLÁUDIA COLLUCCI)


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