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Prótese francesa de silicone gera "recall"
Anvisa proíbe venda de implante da marca Poly, que apresenta alto risco de vazamento, segundo o governo francês
Quem fez implantes com esse material deve procurar seu médico para avaliação; troca será necessária em caso de rompimento
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Anvisa proibiu a importação, a distribuição e a venda no
Brasil de implantes mamários
de silicone fabricados pela
francesa Poly Implant Prothèses (PIP). A empresa exportava
para 66 países, Brasil incluído.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica enviou e-mail
para todos os seus associados,
orientando-os a procurar as pacientes que colocaram prótese
dessa marca, para avaliação.
Pacientes que receberam esses
implantes também devem procurar seus médicos.
Não é caso de troca compulsória. O implante só precisará
ser substituído se o médico
constatar rompimento ou endurecimento do material.
"O laudo da agência (de vigilância) francesa ainda não está
concluído, mas entendemos
que o silicone usado era de qualidade inferior", diz o cirurgião
Sebastião Guerra, presidente
da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Por esse motivo, o vazamento da substância
pode ter causado reações inflamatórias em pacientes na
França. No Brasil, ainda não
houve notificação de problemas, segundo a Anvisa.
O aumento de seios é a cirurgia estética mais realizada no
Brasil -em 2009, foram feitos
92 mil procedimentos.
Especializada em implantes
de silicone, a Poly Implant foi
fechada na semana passada pela Justiça francesa e já apresentava problemas financeiros,
agravados pela denúncia -estima-se que as perdas cheguem a
9 milhões de euros.
No Brasil, a decisão, publicada ontem no "Diário Oficial",
ocorreu depois que a agência
francesa de segurança sanitária
de produtos de saúde (AFSSAPS) divulgou um alerta sobre
o aumento no número de rompimentos das próteses da marca nos últimos três anos. Segundo o órgão francês, a substância que preenche as próteses é diferente da declarada pela empresa e não cumpre a regulamentação da França.
Representantes da empresa
EMI, que importa e distribui os
produtos da Poly Implant no
país, não foram localizados pela
reportagem.
Qualidade inferior
O médico Alexandre Mendonça Munhoz, doutor em cirurgia mamária pela Faculdade
de Medicina da USP, diz que
nunca usou próteses dessa
marca, mas atendeu mulheres
que sofreram complicações por
terem implantado o produto.
"No ano passado, foram dois
ou três casos. Nessa prótese,
víamos contraturas [endurecimento] num período precoce.
Operei gente que tinha colocado há três, quatro anos. Isso é
incomum. O normal é que isso
não aconteça antes de dez anos
da colocação", diz Munhoz.
De acordo com Munhoz, as
próteses da marca francesa estavam entre as mais baratas
disponíveis. Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o
preço do par variava entre
R$ 1.400 e R$ 2.000. "Costumo
usar próteses de até R$ 3.800 a
unidade", afirma.
O cirurgião recomenda um
acompanhamento constante
com um mastologista ou com
um cirurgião plástico. Os exames anuais de mamografia
combinados à ultrassonografia
podem detectar até 85% dos
casos de rompimento.
"O mais comum é acontecerem contraturas. Às vezes pode
haver uma dobra, que a paciente sente como se fosse um nódulo", explica.
Colaborou DÉBORA MISMETTI
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