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Médico é denunciado por morte em lipo
Jornalista de 27 anos sofreu perfuração abdominal durante cirurgia realizada sem estrutura hospitalar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O cirurgião plástico Haeckel
Cabral Moraes foi denunciado
ontem pelo Ministério Público
do Distrito Federal sob a acusação de homicídio qualificado
pela morte da jornalista Lanusse Martins Barbosa, 27, em janeiro, durante lipoaspiração.
Segundo o promotor Diaulas
Ribeiro, Moraes havia acertado
com a jornalista que faria a cirurgia acompanhado de um
médico auxiliar e com a estrutura hospitalar de uma UTI,
mas fez a lipoaspiração sozinho
e sem respaldo da unidade de
tratamento intensivo, ferindo
norma do CFM (Conselho Federal de Medicina).
"O médico original, com
quem ela já havia feito uma cirurgia antes, não era ele. Ela
trocou pela segurança oferecida. O motivo do crime foi dinheiro, foi economia do médico", afirmou o promotor.
Segundo a investigação da
polícia e do Ministério Público,
Moraes perfurou a parede abdominal da paciente, provocando a perda de 1,5 litro de
sangue. Ele teria sido alertado
da hemorragia pelo anestesista.
Para o promotor, nesse momento, a falta de estrutura adequada (reserva prévia de sangue, presença de um médico
auxiliar e UTI) não permitiu
que Moraes realizasse o procedimento correto, no que o médico assumiu o risco de morte.
A pena prevista para o crime
vai de 12 a 30 anos.
Em declaração à polícia, o
médico contestou o laudo do
IML que indicou perfuração da
parede abdominal da paciente.
Segundo o promotor, ele também negou responsabilidade
na morte da jornalista. A Folha
tentou localizá-lo no consultório, mas não obteve resposta.
O Ministério Público também solicita o pagamento de
indenizações ao filho da vítima,
um menino de seis anos. Por
danos materiais, a quantia pedida é de R$ 1,1 milhão e por
danos morais, R$ 255 mil.
Ribeiro afirmou que, até o
momento, o médico mantém
ativa a inscrição no CRM (Conselho Regional de Medicina). A
entidade disse que ainda analisa responsabilidades no caso.
O promotor disse ainda que
quer firmar um termo com
hospitais do DF para que os dados de monitoramento dos pacientes sejam armazenados
-os da jornalista foram apagados. Ele defende também que
só hospitais com UTI e plantonistas realizem plásticas.
A promotoria analisa um outro caso de morte em lipoaspiração, ocorrido em Goiânia, em
março. "Há informações da família de que ela teve contraindicações em Brasília e, em
Goiânia, aceitaram fazer a cirurgia."
(JOHANNA NUBLAT)
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