São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2010

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Médico é denunciado por morte em lipo

Jornalista de 27 anos sofreu perfuração abdominal durante cirurgia realizada sem estrutura hospitalar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O cirurgião plástico Haeckel Cabral Moraes foi denunciado ontem pelo Ministério Público do Distrito Federal sob a acusação de homicídio qualificado pela morte da jornalista Lanusse Martins Barbosa, 27, em janeiro, durante lipoaspiração.
Segundo o promotor Diaulas Ribeiro, Moraes havia acertado com a jornalista que faria a cirurgia acompanhado de um médico auxiliar e com a estrutura hospitalar de uma UTI, mas fez a lipoaspiração sozinho e sem respaldo da unidade de tratamento intensivo, ferindo norma do CFM (Conselho Federal de Medicina).
"O médico original, com quem ela já havia feito uma cirurgia antes, não era ele. Ela trocou pela segurança oferecida. O motivo do crime foi dinheiro, foi economia do médico", afirmou o promotor.
Segundo a investigação da polícia e do Ministério Público, Moraes perfurou a parede abdominal da paciente, provocando a perda de 1,5 litro de sangue. Ele teria sido alertado da hemorragia pelo anestesista.
Para o promotor, nesse momento, a falta de estrutura adequada (reserva prévia de sangue, presença de um médico auxiliar e UTI) não permitiu que Moraes realizasse o procedimento correto, no que o médico assumiu o risco de morte.
A pena prevista para o crime vai de 12 a 30 anos.
Em declaração à polícia, o médico contestou o laudo do IML que indicou perfuração da parede abdominal da paciente. Segundo o promotor, ele também negou responsabilidade na morte da jornalista. A Folha tentou localizá-lo no consultório, mas não obteve resposta.
O Ministério Público também solicita o pagamento de indenizações ao filho da vítima, um menino de seis anos. Por danos materiais, a quantia pedida é de R$ 1,1 milhão e por danos morais, R$ 255 mil.
Ribeiro afirmou que, até o momento, o médico mantém ativa a inscrição no CRM (Conselho Regional de Medicina). A entidade disse que ainda analisa responsabilidades no caso.
O promotor disse ainda que quer firmar um termo com hospitais do DF para que os dados de monitoramento dos pacientes sejam armazenados -os da jornalista foram apagados. Ele defende também que só hospitais com UTI e plantonistas realizem plásticas.
A promotoria analisa um outro caso de morte em lipoaspiração, ocorrido em Goiânia, em março. "Há informações da família de que ela teve contraindicações em Brasília e, em Goiânia, aceitaram fazer a cirurgia."
(JOHANNA NUBLAT)


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