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FOCO
Abuso de aparelhos eletrônicos provoca conflito cerebral
Chang. W. Lee/The New York Times
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O casal americano Brenda e Korda Campbell usa o iPad no café da manhã; o marido não consegue se desligar dos aparelhos eletrônicos, que estão prejudicando sua concentração
MATT RICHTEL
DO "THE NEW YORK TIMES"
Quando um dos e-mails
mais importantes da vida de
Kord Campbell chegou à sua
caixa de entrada, há alguns
anos, passou batido por 12
dias. Uma companhia grande queria comprar sua empresa de internet.
A mensagem tinha passado por ele em meio a um mar
de eletrônicos: duas telas de
computador com e-mail,
chats, navegador de internet
e o código de um programa
de computador que ele estava escrevendo.
Mesmo conseguindo salvar o negócio de US$ 1,3 milhão, Campbell continua a se
debater com os efeitos do excesso de informação.
Depois de se desplugar,
ele sente falta do estímulo
que recebe de seus "gadgets". Campbell se esquece
do jantar e não consegue se
concentrar na família.
Cientistas dizem que fazer
malabarismo com e-mail, celular e outras fontes de informação muda a maneira como as pessoas pensam. Nossa concentração está sendo
prejudicada pelo fluxo intenso de informação.
Esse fluxo causa um impulso primitivo de resposta a
oportunidades ou ameaças
imediatas. O estímulo provoca excitação -liberação de
dopamina- que vicia. Na
sua ausência, vem o tédio.
Enquanto muita gente diz
que fazer várias coisas ao
mesmo tempo aumenta a
produtividade, pesquisas
mostram o contrário.
As multitarefas dificultam
a concentração e a seleção
necessárias para ignorar informações irrelevantes.
E mesmo depois que a pessoa se desliga, o pensamento
fragmentado continua.
Para estudiosos de Stanford, a dificuldade de se concentrar só no que interessa
mostra um conflito cerebral,
que vem da nossa evolução.
Parte do cérebro age como
uma torre de controle, ajudando a pessoa a se concentrar nas prioridades. Partes
primitivas, como as que processam a visão e o som, querem que ela preste atenção às
novas informações, bombardeando a torre de controle.
Funções baixas do cérebro
passam por cima de objetivos
maiores, como montar uma
cabana, para alertar sobre o
perigo de um leão por perto.
No mundo moderno, o barulho do e-mail chegando passa por cima do objetivo de escrever um plano de negócios
ou jogar bola com o filho.
Mas outras pesquisas mostram que o cérebro também
se adapta. Usuários de internet têm mais atividade cerebral do que não usuários.
Eles estão ganhando novos
circuitos de neurônios.
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