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Tratar infertilidade não eleva risco de câncer
Pesquisa conclui que tratamentos de reprodução assistida não são fator de risco para câncer de ovário
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os tratamentos contra infertilidade não aumentam o risco
de câncer de ovário, revela um
estudo dinamarquês com
54.362 mulheres, publicado na
última sexta no "British Medical Journal". No passado, outras pesquisas menores sugeriram essa relação.
A maioria dos tumores de
ovário se inicia nas células epiteliais (revestimento do ovário)
e, por isso, o surgimento desse
tipo de câncer já foi relacionado
com a ovulação- responsável
pelos fenômenos cíclicos de
destruição e de reconstituição
do epitélio.
Por essa teoria, os tratamentos de reprodução assistida, especialmente a FIV (fertilização
in vitro), que estimulam bastante a ovulação da mulher,
eram considerados suspeitos
de funcionar como um fator de
risco para o desenvolvimento
do câncer de ovário.
O estudo realizado pela equipe do médico Allan Jensen, da
Sociedade Dinamarquesa contra o Câncer, foi realizado com
mulheres que se consultaram
nos centros de fertilidade da
Dinamarca, entre 1963 e 1998.
No período avaliado, 156 delas
tiveram câncer de ovário.
Os pesquisadores não encontraram um risco potencial de
desenvolver câncer nas mulheres tratadas contra a infertilidade, incluindo aquelas que seguiram dez ciclos de tratamento ou aquelas que não conseguiram engravidar.
Eles destacaram, porém, que
continuam a fazer o acompanhamento, já que muitas mulheres que participam do estudo ainda não atingiram a idade
em que esse tipo de câncer é
mais frequente -a partir dos
60 anos, em média.
Para o médico Rui Ferriani,
professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, a notícia é "muito boa" e deve tranquilizar mulheres que já
passaram ou ainda estão em
tratamentos de fertilização.
"Elas já têm tanta preocupação
que não precisavam ficar com
mais essa na cabeça", diz ele.
O câncer de ovário é relativamente raro, e a maioria dos casos são diagnosticados em estágio avançado. A taxa de letalidade chega a 70% em cinco
anos, tornando-o um dos tumores mais letais.
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